quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Caninos brancos – Jack London

“É que, por detrás de cada desejo do homem, existia sempre o poder que vinha reforçá-lo, um poder que sabia magoar e cujos meios de expressão eram pancadas, pedradas e vergastadas dolorosas”.
Depois de O apelo da selva (1903) e O lobo do mar (1904), Jack London publica seu terceiro sucesso consecutivo em 1906, Caninos Brancos que segue a mesma linha do primeiro romance, ou seja, a história de um cão (que vem a ser o bisneto de Buck, personagem do O apelo da selva), só que seguindo um caminho inverso. Enquanto que no primeiro romance Buck é um cão doméstico que se transforma num lobo selvagem, em Caninos Brancos o lobo selvagem será transformado num cachorro domestico. O que há em comum é que, em ambas as histórias, o homem será o responsável pelas transformações.
“A sua submissão ao homem parecia superar tudo o mais: o amor à liberdade, à espécie, à família”.
Mais uma vez o cenário é a corrida do ouro no Alasca no século XIX. Kishe, uma cachorra metade loba, lidera uma alcateia num período de comida escassa, quando até o homem pode se transformar em presa. Após se retirar para ter a primeira ninhada, da qual fará parte o nosso protagonista, Kishe é encontrada por índios que levam o filhote para a tribo. Começa aí a saga daquele que os índios batizaram de Caninos Brancos, um lobinho que sentirá pelos homens um misto de admiração e medo, humilhação e raiva. Submetido ao poder do seu “deus” homem, Castor Cinzento, Caninos Brancos passou a temer a mão do homem.
“O objetivo da vida era a carne. A própria vida era carne. A vida vivia da vida. Havia os que comiam e os que eram comidos”.
Nesse ambiente de dor e medo, o pequeno lobo cresceu e transformou no animal mais temido da tribo. Mas Castor Cinzento tinha problemas com a bebida e, para pagar dívidas, vendeu o seu animal para um dono, o perverso Beleza Smith, que o utilizou para lutar em rinhas. Caninos Brancos ficava cada vez mais feroz e aprendia que, para sobreviver, teria que se adaptar sempre. Sua sorte só começa a mudar depois de estar às portas da morte. Um livro que fala da capacidade de homens e animais de se adaptarem aos mais variados ambientes, que mostra que todos os animais, inclusive os humanos, respondemos à violência com violência e ao amor com amor.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário