domingo, 26 de junho de 2016

Felicidade demais - Alice Munro

“Como era melhor trabalhar com madeira ou sozinho – o assistente não contava – do que com os imprevisíveis jovens humanos”. 
Considerada uma das principais escritoras de língua inglesa e uma das melhores contistas da atualidade, a canadense Alice Munro tem quase duas dúzias de livros publicados em cinco décadas de carreira. Em 2013, foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura.  No entanto, Felicidade demais, uma coletânea de 10 contos publicada em 2009, é apenas o segundo livro de Munro traduzido aqui no Brasil. E é uma pena. Ela tem se mostrado desde o início da carreira uma exímia contista, tendo sido agraciada com os principais prêmios literários mundo afora.
“Eu não respeitava pessoas que se comportavam como santas”.
Os dez contos de Felicidade demais tem em comum o fato de serem protagonizados por personagens femininas, todas vivendo situações de sedução e violência. O primeiro conto, Dimensões, conta a história de Doree, uma camareira de motel, que vive o dilema de se corresponder com o marido, Lloyd, internado num manicômio depois de matar os três filhos do casal durante um surto psicótico. Em Rosto, Nancy corta seu rosto com uma navalha para ficar igual a deformidade de nascença do seu amiguinho, o narrador da história.
“Algumas mulheres, é claro, são especialistas em homens que elas imaginam que precisam de apoio – são loucas para passear com você por aí para mostrar como são magnânimas”.
Em Brincadeira de criança, duas crianças matam uma colega deficiente durante um passeio da escola. Marlene, a protagonista e narradora, quer fazer com que o leitor pense que foi acidenta, mas nem ela acredita nisso. O conto que dá título ao livro tem como protagonista Sophia Kovalevsky, uma das primeiras mulheres admitidas como professora universitária. Bonita e brilhante, viveu apenas 40 anos, depois de uma vida dura, lutando pelo seu espaço, quando conseguiu tudo que almejara, morreu de uma gripe mal curada.
“A cada ano, quando se é criança, você se torna uma outra pessoa”.

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