domingo, 8 de maio de 2016

Triângulo das águas – Caio Fernando Abreu

Eu tentei, juro que tentei. Mas essa primeira tentativa de gostar de ler Caio Fernando Abreu resultou em frustração. Alguns dizem que seu ponto forte é o conto. Em outra oportunidade tentarei ler alguns contos seus e tentar mudar a impressão que a primeira leitura de sua obra deixou em mim. E essa primeira leitura foi Triângulo das águas, publicado em 1983 e revisto pelo autor em 1991, contém três novelas divididas pelos signos da água. Não sei se não tenho sensibilidade suficiente ou inteligência rasa, mas não faço a menor ideia do que isso quer dizer.
“O que hoje é drama, sempre, amanhã estará quieto na memória”.
Mas vamos lá. A primeira novela, Dodecaedro, segundo o autor reúne o inconsciente e o caos de Peixes (o signo).  Nela, um grupo de pessoas está preso numa casa durante a noite e, em volta da casa, uma matilha de cães ferozes impede essas pessoas de sair. Segundo o autor, em um dado momento quando escrevia a novela, sentiu-se bloqueado. Pegou um livro aleatoriamente na estante (Garcia Lorca), abriu uma página qualquer (Poema de La Saeta) e introduziu o poema no texto e deu sequência final à novela.
“...gosto quando a cabeça para o maior tempo possível, caso contrário enche-se de temores, suspeitas, desejos, memorias e todas essas inutilidades que as cabeças guardam para deixar vir à tona quando as mãos estão desocupadas”.
Na segunda novela, O marinheiro, um personagem solitário, morando num pequeno sobrado numa rua tranquila, busca nas suas lembranças explicações para determinados acontecimentos da sua vida. Na última e mais longa das novelas do livro, Pela noite, os personagens se veem aprisionados tanto na esfera pessoal, diante da angústia de viver numa sociedade que não aceita sua condição sexual, obrigando-os a viver no ocultamento; seja na esfera social, já que são obrigados a viver em guetos.
Não desisti de Caio Fernando Abreu. Vou tentar ler Morangos mofados, que é considerado o seu melhor livro. Se a primeira impressão persistir, quer dizer que eu e os textos do “queridinho das redes sociais” não habitamos o mesmo planeta. 

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