quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sangue nas veias – Tom Wolfe

A Miami do início do século XXI é um caldeirão étnico e cultural, onde o americano WASP (acrônimo que em inglês significa “branco, anglo-saxão e protestante”) disputa cada centímetro com os latino-americanos. Esse é o cenário de Sangue nas veias, ultimo romance do jornalista norte-americano Tom Wolfe, publicado no ano passado. É nesse cenário que se destaca o patrulheiro Nestor Camacho, filho de refugiados cubanos, aculturado a ponto de não mais falar o espanhol.
  Camacho tem um talento especial em se meter em encrencas raciais. Logo no início ele resgata um sujeito em alto-mar, impedindo-o de chegar em terra firme. Seria um herói se o “pobre coitado” não fosse um refugiado cubano que, sem alcançar o objetivo, não pôde solicitar asilo político aos EUA. Transmitido ao vivo pela TV, Camacho passa a ser visto como um traidor pela comunidade hispânica e como herói pelos colegas de farda. Logo depois, ao prender traficantes negros, agride os criminosos com ofensas racistas. É salvo da demissão pelo chefe de polícia negro.
Em paralelo, temos as histórias da ex-namorada de Camacho e seu patrão e amante, um psiquiatra celebridade que alimenta a compulsão sexual de um dos seus clientes para usá-lo como trampolim social; um pintor russo especialista em falsificações; um magnata também russo que usa as falsificações para se promover; o editor branco do Miami Herald que não quer confusão para o seu lado; e o chefe de polícia negro que salva a pele de Camacho.
Mas o livro tem seus pontos fracos. Na realidade, o texto do Wolfe apresenta pontos fracos. O pior deles é o uso excessivo de reticências e onomatopeias. Nos casos das reticências, a impressão que fica ao leitor é que a leitura de um pequeno trecho vem acompanho de uma “freada”.  Para e começa depois para logo mais frear de novo. E as onomatopeias são simplesmente desnecessárias para a compreensão do texto: “Ela deu um sorriso sugestivo, enquanto seguia DANÇANDO tummm REBOLANDO tummm DESCENDO tummm SUBINDO tummm BOMBEANDO tummm e também girando em torno do poste”.
Independente desse pequeno “deslize”, vale a pena ler o livro.

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