domingo, 3 de abril de 2016

Papillon – Henri Charrière

Henri Charrière foi preso em 1922, aos 25 anos, acusado por um crime que alega não ter cometido, o assassinato de um homem. Condenado a prisão perpétua, foi enviado para uma ilha prisão na Guiana Francesa conhecida pelo simpático nome de “Ilha do diabo”. Nos quase treze anos seguintes, Charrière teria passado por inúmeros castigos nas prisões do complexo penitenciário mantido pela França na sua então colônia na América do Sul, incluindo dois anos trancafiado numa solitária. Durante esse tempo em que esteve preso, não foram poucas as tentativas de fuga, até finalmente conseguir em 1935, refugiando-se na Guiana Inglesa, que o acolheu. 
Os relatos dessas tentativas de fuga deram origem ao livro Papillon, publicado pela primeira vez em 1969. O título (borboleta, em francês) é uma referência à borboleta tatuada no peito do autor do livro. O sucesso foi imediato. Traduzido para várias línguas, vendeu cerca de catorze milhões de exemplares na época. Esse sucesso só aumentou depois da adaptação para cinema feita em 1971, com Steve McQueen no papel principal. Tudo isso seria fantástico se não fosse Henri Charrière um farsante.
Segundo o jornalista Platão Arantes, que investiga a vida do fugitivo desde 1989 com a ajuda de dois peritos da polícia Federal, o verdadeiro Papillon chamava-se René Belbenoît e liderou o grupo que fugiu da Ilha do Diabo do qual fazia parte Henri Charrière. Da Guiana Inglesa, o grupo fugiu para o Brasil em 1940, estabelecendo-se em Roraima, com exceção de Charrière que preferiu ir para a Venezuela. Homem culto, Belbenoît já tinha publicado dois livros nos EUA ainda quando estava preso na Guiana.
Em 1955, um diretor de cinema americano pede uma espécie de roteiro de cinema que relatasse a fuga de apenas um prisioneiro. Belbenoît escreve e resolve usar o antigo companheiro de fuga que estava na Venezuela para enviar o manuscrito para os EUA. O problema é que Charrière guardou o calhamaço por anos e, em 1969, depois de tatuar uma borboleta no peito, resolveu publicar o livro com sendo dele. Independente do final dessa história, Papillon é um clássico moderno e vale a pena ser lido.        

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