domingo, 13 de dezembro de 2015

Nossos ossos – Marcelino Freire

Aclamado como contista, Marcelino Freire resolveu enveredar pela narrativa mais longa em 2013, quando publicou Nossos ossos, seu sétimo livro e primeiro romance. Nessa obra é possível ver muito de Marcelino no personagem Heleno de Gusmão, um dramaturgo pernambucano que resolveu ir para São Paulo atrás de um amor. E quebrou a cara! Não chega a ser uma obra autobiográfica, mas também é. Como diz Marcelino: “Nesse sentido, quando dizem que meu livro é autobiográfico, eu não nego. Ele é também autopornográfico. As putarias podem não ter acontecido comigo, mas reverberaram em mim...”.
Após o sofrimento do abandono do namorado que o fez vir até São Paulo, Heleno enfrenta a solidão e a grande cidade e vai à luta. Anos depois e muitos prêmios na bagagem, além de dinheiro e prestígio, Heleno leva uma vida confortável, mas sem afeto, a não ser o dos michês com quem costuma sair. Quando um desses garotos com quem mantinha um relacionamento é assassinado, Heleno assume a missão de levar o seu corpo até sua cidade natal, também no interior de Pernambuco.
A morte do rapaz desperta em Heleno a necessidade de justificar todas as decisões importantes da sua vida, desde a ida para São Paulo, quando foi atrás de Carlos, seu amor de adolescência, a decepção do encontro e a decisão de buscar o seu sonho de trabalhar como dramaturgo. Algo que permeia a narrativa é o contraste entre a vida pessoal e a bem sucedida carreira na dramaturgia. Marcelino Freire consegue manter o mesmo nível dos contos curtos numa narrativa mais longa. Vale a pena ler o primeiro romance do contista.   

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