domingo, 18 de outubro de 2015

Sexo, drogas e funk

A Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou a produtora de funk Furacão 2000 produções artísticas ao pagamento de multa no valor de 500 mil reais pela veiculação das músicas Tapinha e Tapa na cara, que fizeram sucesso na década de 2000. A justiça entendeu que as letras incitam a violência contra a mulher. A ação foi movida pela ONG Themis – Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, de Porto Alegre.
Não vou discutir aqui a qualidade das músicas do funk, que é ruim, tem rimas sofríveis e assassinam a gramática a cada verso, quando há verso. O que é indiscutível é o preconceito com relação a esse (sub)gênero musical. E não incluo aqui o chamado funk “proibidão”, que existe apenas para incitar as comunidades contra a polícia e fazer loas aos traficantes. Me refiro ao funk carioca comercial, tocado nas rádios e dançado nas “baladas”.
Ele faz apologia ao uso de drogas? Sim. Ele faz apologia ao sexo? Sim. Mas eu não vejo ninguém reclamando do laureado e unanimemente aclamado Bezerra da Silva que faz escancaradamente apologia á maconha em músicas como A semente (Meu vizinho jogou uma semente no seu quintal/De repente brotou um tremendo matagal) e Malandragem dá um tempo (Vou apertar, mas não vou acender agora/ Se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora). O mesmo acontece com Genival Lacerda, que tem músicas de duplo sentido que poderiam ser consideradas homofóbicas, como H sem homem e Beth Close.
Não faltam a Genival Lacerda músicas que reduzem a mulher a mero objeto sexual, como A mulher da cocada (Na casa dela tá assim de quenga/ Tá assim de quenga, até em cima do fogão) ou a famosa Severina Xique Xique (Ele tá de olho é na butique dela!). Ou você acha que o Pedro Caroço estava de olho apenas na loja da glamourosa Severina? Isso sem falar de músicas que pertencem ao folclore que fazer apologia à violência contra os animais (Atirei o pau no gato).
Voltando às músicas alvo da ação da ONG feminista, não consegui enxergar violência contra a mulher. Dando uma olhada nas letras (letras?) das músicas, observa-se que elas fazem referência ao uso moderado e consentido da violência durante o ato sexual. Um fetiche utilizado por inúmeros casais. Atire a primeira pedra aquele que nunca fez ou pensou em fazer uso dessas e de outras “perversões” durante o ato sexual em seu sacrossanto leito conjugal com sua (ou seu) sacrossanto parceiro(a). Se atirou a pedra, seu ato violento é consequência da sua vida sexual insossa e insípida.  
 

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