quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O homem que amava os cachorros – Leonardo Padura

Leonardo Padura é um escritor cubano que vive em Cuba e não quer sair de lá, mas se permite ser um crítico constante do regime dos irmãos Castro. O homem que amava os cachorros é um romance histórico que trata do assassinato do revolucionário russo Leon Trotsky e que Padura consegue, a despeito de serem fatos conhecidos há anos, transformar num thriller policial cheio de suspense. As duzentas primeiras páginas são um pouco morosas, chegando mesmo a dar sono, mas depois disso é impossível abandonar a leitura antes do seu final.
O romance se divide em três linhas narrativas que se intercalam: a de Ramón Mercader, assassino de Trotsky; a do próprio Tortsky e a de Ivan, um escritor frustrado cubano que tropeça na história do assassinato do revolucionário russo por acaso. Na narrativa de Mercader, acompanhamos como foi urdido o plano para assassinar Trotsky, começando anos antes com os assassinatos de seus seguidores pelo mundo.
Na narrativa de Trotsky, se vê um líder cada dia mais isolado do mundo e consciente de que r seu fim se aproximava, sendo apenas uma questão de tempo a sua aniquilação, por causa disso trabalhava incansavelmente. A narrativa de Ivan mostra as dificuldades de se viver em Cuba. O próprio Ivan um escritor frustrado e veterinário improvisado especialista em extrair cordas vocais dos porcos que seriam criados ilegalmente em prédios e que, sem cordas vocais, não fariam barulho.
O livro tem méritos inegáveis. O primeiro deles é prender o leitor numa história em que todos já sabem o final. Outro mérito é mostrar uma Europa disputada por dois ditadores sanguinários que se equivalem na sua capacidade de matar, a despeito das diferenças ideológicas: Stálin e Hitler. Se o leitor conseguir atravessar a primeira terça parte do livro, que é arrastada, se deparará com uma obra que nasceu para ser um clássico.

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