quarta-feira, 3 de junho de 2015

O pior dos demônios é a burrice



Que a educação pública brasileira está falida isso não é segredo para ninguém. Que o aluno brasileiro tem uma capacidade intelectual sofrível, isso até as almas do além já perceberam. Que o desempenho acadêmico do professor brasileiro é risível, até os péssimos livros didáticos sabem. Que o ambiente escolar não é o lugar mais propício ao desenvolvimento de atividades intelectuais (ao contrário: é um ambiente que “emburrece”), isso até quem lá frequenta já notou. Mas agora chegamos ao fundo do poço, pelo menos até que algo pior aconteça, o que não muito difícil quando se trata de educação brasileira.
É “moda” entre adolescentes das escolas brasileiras uma brincadeira chamada de “Charlie Charlie”, que consiste em colocar duas canetas cruzadas e escrever as palavras “sim” e “não” nos quadrados formados por elas. Quando a pessoa “invocar” o espírito, chamando-o de “Charlie Charlie”, se a caneta se movimentar para a palavra “sim”, o dito está presente. Se a caneta se movimentar para a palavra “não”, obviamente o fantasma está para as bandas do além. É uma brincadeira estúpida, mas mais estúpida é a reação de adolescentes que participam da brincadeira.
Brasil afora, foram registradas as mais variadas reações: gente estrebuchando, incorporando, gritando, correndo, desmaiando, vomitando, brigando. Reações insanas! Mas é perfeitamente compreensível, já que adolescente consegue conciliar uma criatividade ilimitada com uma estupidez sem tamanho. Mas a estupidez que não se aceita, a burrice desmedida que é intolerável, é a forma como os adultos tem encarado essa bizarrice. Há escolas que estão chamando pastores para exorcizar os “incorporados”; em outras escolas, faz-se correntes de oração para espantar o “tinhoso”; é comum ver professores (?) e diretores manifestando temor diante da “presença” de tão incomum força sobrenatural.
E tudo isso num ambiente onde deveria predominar o conhecimento e não a superstição, a razão e não o misticismo, a ciência e não a ignorância. Mas vamos manter a tranquilidade! A escola ultimamente tem sido um ambiente tão tenso, carregado e obscuro, que nem o capeta se anima em frequentá-la.

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