terça-feira, 9 de junho de 2015

Deus, a Cannabis espiritualis

Tudo começou com a Campanha do Dia dos Namorados do Boticário, que mostra casais heterossexuais e homossexuais trocando presente. Logo veio a histeria gospel! Protestos e ameaças de boicote aos produtos da marca estouraram nas redes sociais. Teve gente até que recorreu ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitário) para reclamar que a propaganda é “desrespeitosa à sociedade e à família”.
Outros recorreram ao Reclame Aqui, site de reclamações de atendimento online. Um desses reclamantes disse que "O Boticário perdeu a noção da realidade, empurrando essa propaganda que desrespeita a família brasileira. Não tenho preconceito (não?!) mas (o problema é a maldita conjunção adversativa) acho que a propaganda é inapropriada para a TV aberta, a partir de hoje não compro mais nem um só sabonete lá e eu era cliente". Imagine se tivesse preconceito o que não faria...
Mas vamos tentar desvendar o que poderia ser isso o que nossos caros cidadãos desprovidos de preconceitos chamam de “família brasileira”. Talvez fosse um homem e uma mulher que casam, colocam duas ou mais crianças no mundo, se desinteressam daquele sexo insípido que vinham fazendo uma vez por mês, aí ela arruma um e ele arruma uma. Mais tarde, eles pegam os “frutos do amor” e despejam naquele depósito que comumente chamamos de escola, na vã esperança de que o tal depósito faça o que eles nunca fizeram: educar os “frutos da família tradicional brasileira”. Como consequência, temos isso que chamamos de “sociedade brasileira”, um aglomerado de seres intelectualmente pouco dotados.
Depois do episódio da propaganda do Boticário, veio a Parada Gay, em São Paulo, em que uma transexual desfilou “crucificada” para protestar contra a homofobia. Não necessário dizer que ela foi xingada na web e o pastor metrossexual Marco Feliciano não deixou passar a oportunidade de, mais uma vez, atacar o movimento LGBT e fazer uma autopromoçãozinha básica. Ninguém se preocupa com o fato de que a cada 27 horas um homossexual foi assassinado ou cometeu suicídio no Brasil em 2014, segundo o Grupo Gay da Bahia, mas se sentem ofendidos quando alguém usa uma imagem supostamente “sagrada” para fazer um protesto contra essa violência.
É notório que a crença em um suposto deus ou equivalente não é salutar para sociedades que almejam um mínimo de crescimento intelectual e cientifico.  Crer numa divindade é cômodo e necessário para aqueles indivíduos desprovidos de recursos intelectuais, que temem viver por sua conta e risco e precisam da “tutela” de um ser imaginário. Por outro lado, é cômodo também para quem quer tirar proveito dos incautos e usar o “temor” a esse mesmo ser em benefício próprio.
Por isso que, para aqueles que realmente sentem a necessidade de frequentar uma igreja, sugiro a 1ª Igreja da Maconha, fundada em março último em Indiana, nos EUA, que tem como preceitos básicos o amor, a compaixão e a ajuda ao próximo. O primeiro dos 12 mandamentos da Igreja resume com precisão o que as outras igrejas deveria fazer: “Não seja um idiota. Trate todos igualmente e com amor.”
Que deus e a maconha são drogas igualmente prejudiciais ao ser humano, não duvido. Aquela afeta a capacidade de discernimento; essa ataca pulmões, coração e cérebro. Aquela, não só legal, mas protegida por lei; essa, vivendo num limbo legal, onde não é crime consumi-la, mas não está liberada. Em resumo, duas drogas que a humanidade viveria muito bem sem elas.
Cristãos e maconheiros se intoxicam com suas drogas. Porém, de qualquer forma, os maconheiros deixam um recadinho bem mais positivo para Felicianos e Malafaias...

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