sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Charge do Amarildo: faixa de pedestres no Brasil


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Uma mente brilhante – Sylvia Nasar

Se fosse para definir Uma mente brilhante, da jornalista norte-americana nascida na Alemanha Sylvia Nasar, em poucas palavras, poderíamos dizer que, para o leitor comum, leigo em matemática, é um livro com altos e baixos. O ponto alto do livro é quando Nasar descreve o lado esquizofrênico da personalidade do matemático John Nash Jr. O ponto alto é quando o lado racional vem à tona. Nesse ponto, o livro se transforma num tratado de matemática avançada, inacessível aos simples mortais.
John Nash Jr. nasceu em 1928, nos Estados Unidos. Menino solitário e introvertido, sempre demonstrou mais afinidade com os livros do que com as pessoas. Aos dezessete anos, ingressou na prestigiosa Universidade de Carnegie Mellon, onde estudou matemática e saiu com o título de mestre. Depois foi fazer doutorado em Princeton, onde evitava assistir aulas e palestras e ler livros, com o objetivo de desenvolver teorias e conceitos originais.
Aos 21 anos, em 1950, escreveu uma tese de doutorado que lhe rendeu, 45 anos depois, o Prêmio Nobel de Economia. Após o doutorado, foi dá aulas no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e foi lá que seus problemas psiquiátricos começaram a aparecer, sendo diagnosticado com esquizofrenia paranoica. Nos 30 anos seguintes, foi internado inúmeras vezes e todos viram sua vida acadêmica e pessoal desmoronar.
Apesar das explicações quase inacessíveis aos leigos em matemática, é possível ter uma noção do que é a mente intrigante de um gênio. Nash continua lecionando em Princeton. Em 2001, o livro ganhou uma versão para o cinema, premiado com o Oscar de melhor filme naquele ano, estrelado por Russel Crowe.   

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Cinema nacional: Heleno

Quem é apaixonado por futebol não necessariamente gostará de Heleno (2012), do diretor José Henrique Fonseca. O filme não é sobre futebol, mas sobre a meteórica e explosiva carreira de um craque dentro e fora das quatro linhas, com a bola e com as mulheres. Heleno de Freitas, jogador do Botafogo, pode ser considerado o primeiro jogador-problema da história do futebol. Fenômeno com a bola no pé, era mulherengo compulsivo e tinha sérios problemas com álcool.
Definitivamente, Heleno, interpretado por Rodrigo Santoro, não era um jogador comum. Dentro de campo “carregava” o time nas costas, fora dele era um homem refinado, com cara de galã de cinema, formado em Direito e que cantava no rádio em um inglês impecável. Mas tinha um temperamento irascível! Brigava (literalmente) com qualquer um que não tivesse o comportamento que ele esperava que tivesse, desde os colegas de time até os frequentadores das festas black-Tie do Copacabana Palace, onde o jogador era figura conhecida.   
Com parte dos custos patrocinados por Eike Batista, botafoguense de coração, o filme teve um orçamento considerado baixo, R$ 8,5 milhões. Mas isso não comprometeu a qualidade do filme, que é ousado ao ser rodado em preto-e-branco. Retratando de forma dura um dos ídolos do Botafogo, coloca-o como uma figura narcisista e egoísta, com compulsão por mulheres drogas e álcool. Uma figura fadada a um fim trágico, como de fato aconteceu. Um filme e tanto...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O ladrão do tempo – John Boyne

Em O ladrão do tempo, o escritor irlandês John Boyne mostra a mesma habilidade para contar histórias mostradas no seu Best seller O menino do pijama listrado (2006). Aliás, a capacidade de Boyne de contar histórias é algo extraordinário. Seus livros prendem o leitor do início ao fim. Primeiro romance de Boyne, lançado em 2000, só chamou a atenção do público depois do estrondoso sucesso do seu livro mais famoso, que recebeu uma adaptação para o cinema em 2007. Tanto que só foi lançado no Brasil depois do sucesso de O menino do pijama listrado.
Aos quinze anos, Matthiew Zelá viu seu padrasto matar sua mãe. Depois da execução do assassino, pegou seu meio-irmão, Tomas, de seis anos, embarcou num navio, onde conheceu Dominique Sauvet, atravessou o Canal da Mancha e foi tentar a vida na Inglaterra. Meses depois, foi embora, rodou o mundo, casou inúmeras vezes e não teve filhos. Nada de extraordinário se Zelá não tivesse presenciado o assassinato da mãe em 1758 e estivesse contando a história em 1999. Isso mesmo! Zelá percebeu, antes dos cinquenta anos, que não envelhecia.
Não envelhecendo, Zelá viu todos os descendentes do seu meio irmão morrerem jovens e de forma trágica. Com mais de duas décadas de idade, Zelá vai tentar salvar a vida de Tommy, mais um descendente de Tomas, que é ator, viciado em drogas e vive metido em confusões. Com sua incapacidade para envelhecer, Zelá vai tomar parte de vários acontecimentos importantes dos últimos dois séculos, como a Revolução Francesa, o renascimento das olimpíadas, o início da Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York, nos anos 20 e as duas guerras mundiais. Um livro com a marca de John  boyne.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cinema nacional: Os dias com ele

Carlos Henrique Escobar é professor aposentado, filósofo autodidata e provocador, dramaturgo e um auto exilado em Portugal. Diante de um currículo tão extenso, faltou-lhe algo: ser pai. E é exatamente isso o que procura sua filha, Ana Clara Escobar, diretora de Os dias com ele (2013), documentário que com o qual ela ao tenta resgatar a figura paterna. Não foi uma tarefa fácil, se é que ela conseguiu.
Ao mesmo tempo em que ela queria resgatar a memória da ditadura do seu pai, relacionando-a com a memória ausente da relação de ambos, ele assumia uma personagem formal, fria, distante (tudo o que ela queria romper para alcançar seu pai).  Um não queria fazer o filme que o outro desejava. E como o espectador fica sabendo disso? Cenas que num documentário tradicional seriam retiradas na edição, foram mantidas, mostrando os preparativos das entrevistas que Ana Clara fez com o pai.
Outra situação inusitada é que Ana Clara Escobar passa a ser, além de diretora, personagem do filme. Ela é a filha que teve uma relação mínima com o pai intelectual e que busca encontrar os motivos desse semiabandono. Uma boa oportunidade para conhecer um intelectual intrigante e provocador que preferiu o anonimato. Uma boa oportunidade também para saber que os grandes pensadores também enfrentam dramas e dilemas comuns a qualquer ser vivente.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Ao sul de lugar nenhum – Charles Bukowski

Podemos afirmar que Ao sul de lugar nenhum é o mais cru, o mais intensamente real, o mais “seco” e direto dos livros de Bukowski. São 27 contos onde se encontra de tudo: estupros, assassinatos, fetiches. Além, claro, do já comumente visto em suas obras: muito álcool, drogas, brigas e sexo. Não é um livro para espíritos mais sensíveis, é um livro para quem gosta de bukowski. Lançado originalmente em 1973, o livro revela um viagem sombria ao outro lado do sonho americano, o lado dos excluídos e perdedores.
Mas a podridão presente na literatura Bukowskiana não está ali à toa. A sua acidez sempre quer dizer algo. No conto Nenhum caminho para o paraíso, um casal observa seres humanos em miniatura que brigam, traem e se xingam. Para o casal observador, o prazer em observar seres humanos (mesmo que em miniatura) em situações tão bizarras é extremo, beirando o prazer sexual. Os contos também tem um viés autobiográfico. Henry Chinaski está presente em cerca de 10 contos.
Em um deles, Confissões de um Homem Suficientemente Insano para Viver com as Feras, Chinaski casa com a editora-chefe de uma revista para onde tinha enviado seus contos. O mesmo aconteceu com Bukowski. Em outro conto, Classe, Chinaski luta boxe com ninguém menos que Ernest Hemingway, uma das referências literárias de Bukowski. E ganha! Solidão é o principal exemplo de que Bukowski gosta de se colocar no lugar dos seus personagens. Nele , a personagem atende ao chamado de anúncio em que um sujeito procurava uma esposa. E é recebida de uma forma nada romântica (se fosse, não seria Bukowski).
Uma ótima oportunidade de ter acesso á obra de Charles Bukowski a conta gotas.