quarta-feira, 11 de junho de 2014

Fabulário geral do delírio cotidiano - Charles Bukowski



“... as burras são as melhores de cama porque a gente sente raiva delas – têm o dom da carne e o cérebro de uma mosca.”
Segundo volume da coletânea de contos ereções, ejaculações e exibicionismos, Fabulário geral do delírio cotidiano traz 34 contos com as marcas de Charles Bukowski: a maioria é fortemente autobiográfica (esses contos poderiam ser até mesmo crônicas) e vicejam os traumas, desventuras, amores fracassados e prisões inesperadas do seu personagem-mor, ele mesmo, ou seu alterego, Henry Chinaski.
 “Sempre achei que só um imbecil irrecuperável se acorda antes do meio-dia.”
Esse segundo volume de contos confirma o que já venho dizendo: o Bukowski romancista não é o mesmo Bukowski contista. Nos contos “o velho buk” é repetitivo não apenas no seu personagem narrador, mas nas situações em que ele se encontra. São os mesmo ambientes, os mesmos personagens, as mesmas circunstâncias. Porém, isso não tira a qualidade de alguns dos seus contos, como Um .45 para pagar o aluguel e Hospício logo a leste de Hollywood.   
“... mas a verdade é que, se não fosse por uma que outra trepadinha legal, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem.”
Mas o principal objetivo de Bukowski é alcançado: chocar com suas críticas tudo aquilo com que não concorda e jogar no lixo o famigerado politicamente correto. E o choque foi tamanho que Fabulário geral do delírio cotidiano foi retirado das prateleiras da biblioteca Pública de Nijimegen, na Noruega, em 1985, após a reclamação de um leitor que alegava que o livro era “sádica, frequentemente fascista e discriminatória contra certos grupos (incluindo homossexuais)”. O bom de Bukowski é que os seus piores livros são melhores do que a maioria dos livros que existem por aí. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário