sexta-feira, 16 de maio de 2014

Perdão aos cães

Em Santa Luzia D’Oeste, interior de Rondônia, o vereador Uesnei Cleiton da Silva (PSB), conhecido como “Nei da Câmara”, teve o pedido de cassação aprovado pelos colegas por quebra de decoro parlamentar, ao escrever em um artigo num site da cidade, intitulado "Votar ou não votar: eis a desgraça", que não adianta votar, pois “a corrupção vai continuar do mesmo jeito. São sempre as mesmas figurinhas e quando são mudadas, apenas muda a coleira, mas o latido é o mesmo."
O vereador deveria ser cassado sim, mas por desrespeito aos cães, animais que se destacam pela fidelidade ao seu dono ou àquele que lhe dar comida e carinho. Não é o caso da nossa classe política, incluídos aí os nobres vereadores do interior de Rondônia. Para justificar a cassação, muitos vereadores alegam que sofreram constrangimentos nas ruas da cidade, ouvindo perguntas do tipo “Qual ração você come?” ou “De que raça você é?”. Coitadinhos.
Mas não foi só isso. Eles alegam que seus filhos sofreram constrangimentos na escola.  Os filhos dos simples mortais podem sofrer o constrangimento de não ter uma escola de verdade ou um atendimento médico adequado, mas os filhos da nobreza, feitos de cristal, frágeis ao simples toque mundano da verdade, não podem ouvir falar que seus pais são uns cachorros, mesmo que isso represente uma ofensa ao nosso nobre Canis lupus familiaris.
E se o problema fosse somente na longínqua e inexpressiva Santa Luzia D’Oeste, tudo seria mais fácil de resolver. Mas a cachorrada (perdão Luluzinhos!) é generalizada. Mês passado o presidente do Senado, Renan Calheiros foi á Roma para celebrar a canonização do Padre Anchieta (e o que eu tenho com isso?) recebendo diárias de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais). O que eu levo um mês inteiro para ganhar, trabalhando muito e sem a ajuda de santo nenhum.
No Amapá, em 2013 os deputados estaduais embolsaram R$ 19 milhões em diárias, mas alegam que não tem dinheiro para terminar a construção de um centro de saúde cujas obras estão paradas há um ano.
Cá entre nós: DÁ PRA CHAMAR ESSE POVO DE CACHORRO?  


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