quarta-feira, 12 de março de 2014

Puro – Andrew Miller

Sexto livro do britânico Andrew Miller e terceiro lançado no Brasil (não li os outros dois), Puro conta a história do jovem engenheiro de origem modesta Jean-Baptiste Baratte, que recebe a missão de um ministro do rei Luís XVI de livrar-se da igreja e do cemitério de Les Inoccents, que vem acumulando corpos há séculos, a ponto da população que vive nos arredores do cemitério reclamar que a comida e água tem cheiro de cadáver. A presença dos cadáveres é tão forte nas vidas dessas pessoas que Baratte sente o seu cheiro nos hálitos das pessoas.
Baratte aceita a empreitada e se muda para a casa de uma família vizinha ao cemitério que esbanja simpatia e mau hálito cadavérico. O que Baratte pensava ser uma missão que envolvia apenas cálculos, cavar e remover esqueletos e entulhos se transforma em algo bem mais complexo. Ao desenterrar os ossos, o jovem engenheiro percebe que a missão envolve questões morais, sociais, de consciência, futuro, passado, morte, vida, ideais, revolução. Todas esses questões exigirão do jovem Baratte um processo de amadurecimento rápido para um jovem que vinha do interior.
Ambientado na Paris de 1785, Puro descreve a cidade de forma muito diferente daquela que imaginamos, retratando seu ambiente pútrido, sem rede de esgotos, penicos sendo esvaziados pelas janelas e cadáveres impregnando a tudo e a todos com seu fedor. Daí o contrassenso do título do livro, que pode ser uma metáfora. Ou não! O autor pode estar se referindo à purificação da cidade com a destruição do cemitério. Um livro e tanto...

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