segunda-feira, 24 de março de 2014

Cinema nacional: Garotas do ABC

O diretor Carlos Reinchenbach, falecido em 2012, foi um dos responsáveis pela retomada do cinema nacional no fim dos anos 90 e deixou um legado para a nossa cinematografia. Com certeza, Garotas do ABC (2003) não está entre as suas maiores obras, como Dois córregos (1999), filme que ajudou a consolidar a produção cinematográfica brasileira após a Era Collor, que acabou com os mecanismos de incentivos da produção cultural no país, mas é um filme que tem méritos, como mostrar os estereótipos de uma burguesia preconceituosa e de um povo alienado e rudimentar.
Toda a história se passa em São Bernardo, ABC paulista, e gira em torno da vida de operárias de uma fabrica têxtil. A principal delas, Aurélia (Michelle Valle), se apaixona por Fábio(Fernando Pavão), membro de uma gangue neonazista. Detalhe: Aurélia é negra. a partir da união entre um patético neonazista e uma operária negra, o diretor constrói seu universo endoidecido.
Há também Paula Nelson (Natália Lorda), operária assediada por um líder sindical; e Antuérpia (Vanessa Alves), que tenta iniciar a vida de operária aos 38 anos. Mas uma personagem impagável é Suzana (Luciele de Camargo), a masoquista-casta que se envolve em pequenos acidentes na fábrica para chamar a atenção do chefe, sua grande paixão. Liderando a gangue de neonazistas temos Salesiano de carvalho (Selton Melo), um fá do integralismo que comanda atentados contra negros e nordestinos.
Para amarrar a história, os dois grupos, o das operárias e sindicalistas e o dos fascistas, irão se encontrar num bailão de sexta-feira num clube cuja dona é simplesmente Fafá de Belém, interpretando ela mesma. Um bom filme...       


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