quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A costureira e o cangaceiro – Frances Pontes Peebles

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o título, uma temática nordestina. Depois o nome da autora, uma mistura de pernambucana com norte-americana. Paguei (literalmente) para ler e me dei bem. O livro é muito bom! Frances Pontes Peebles, autora de A costureira e o cangaceiro, é filha de mãe pernambucana e pai norte-americano, nasceu em Pernambuco, mas vive e teve formação acadêmica nos Estados Unidos, mora lá até hoje e escreveu o livro em inglês. O livro mostra que a mistura rende bons frutos.
Em plena caatinga pernambucana, mais precisamente em Taquaritinga do Norte, terra natal da autora, entre os anos 20 e 30, as irmãs Emília e Luzia foram criadas pela tia, que lhes ensinou o ofício de costureira. A educação de ambas foi idêntica, mas elas em nada se parecem. Emília é mais bonita e sonha em ir morar na cidade grande e se vestir igual às moças que aparecem na revista Fon Fon. Luzia é mais nova, carrega um defeito no braço, consequência de um acidente, o que a faz acreditar que não terá nenhum futuro brilhante e os moradores da pequena cidade fazem questão de trata-la como uma aberração
A invasão de um grupo de cangaceiros à pequena Taquaritinga vai fazer com que as vidas das irmãs costureiras tomem destinos opostos. O líder do grupo, Falcão, se interessa por Luzia e a leva com o grupo. Despojada do seu mundo (Luzia), Emília se sente perdida, até conhecer Degas, um rapaz da cidade grande que a leva embora da pequena Taquaritinga e casa com ela. O que parecia a realização de um sonho (um príncipe encantado e a cidade grande) transforma-se num pesadelo que mostra a Emília que a vida real é diferente do que ela lia nas revistas. Enquanto isso Luzia perambula pela caatinga, se impondo à vida no cangaço e ficando famosa como a única mulher do bando do cangaceiro falcão.
Apesar dos destinos opostos e de trilharem caminhos sem volta, as irmãs vão sempre manter uma forte conexão uma com a outra, sempre mantendo “contato” sem se falarem. Custa acreditar que uma escritora que não viveu no país consiga fazer uma reconstituição histórica e dos costumes do Brasil dos anos 20 com tanta propriedade, sem contar as descrições da vida na caatinga. Um livro que não se pode deixar de ler... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário