quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O cio da terra (vida e época de Michael K) – J. M. Coetzee

Foi com O cio da terra (vida e época de Michael K) que Coetzee ganhou o primeiro Booker Prize, em 1983 (o segundo foi em 1999, com Desonra), um livro duro, trágico e melancólico. Durante a sua vida, Michael K., um sujeito que se supõe negro, já que autor não deixa isso explícito, pobre, feio e com lábio leporino, atravessa um processo que vai da miséria social à pura e simples animalização.
Michael K. é jardineiro e um dia resolve levar a mãe, uma senhora idosa e doente, de volta para a fazenda num carrinho de mão. No meio do caminho a velha morre, mas mesmo assim Michael K. continua sua viagem. Escondendo-se da polícia, vagando por uma África do Sul convulsionada pela guerra civil, Michael vive à deriva em fazendas, abandonadas, cavernas e campos de trabalhos forçados, de onde foge por seu corpo esquálido não suportar o esforço físico.
Alimentando-se de raízes, insetos ou de um cabrito que conseguiu matar afogado, o protagonista Vive sempre à margem de tudo o que se acredita ser uma sociedade, isolando-se cada vez mais, deixando supor que o contato direto com o mundo, sem o intermédio dos seus semelhantes, parece ser o único refúgio contra a barbárie e a irracionalidade.   

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