segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cinema nacional: Cabeça a prêmio

Filme brasileiro de gangster sempre parece caricato. Talvez o problema esteja em mim, que não estou habituado a ver esse tipo de produção por essas paragens. Foi assim que vi Cabeça a prêmio (2009), primeiro filme como diretor de Marco Ricca, que também roteirizou, ao lado de Felipe Braga. Marçal Aquino, autor do romance homônimo, assessorou no roteiro. O filme se passa em algum lugar perdido na fronteira do Brasil com a Bolívia e tem todos os personagens necessários para um filme de bandidos (no caso em questão, não há mocinhos): traficantes, pistoleiros, latifundiários, prostitutas de beira de estrada, pilotos que levam mercadorias ilícitas.
Miro (Fulvio Stefanini) é um latifundiário criminoso líder da família Menezes, casado com Jussara (Ana Braga) e pai de Elaine (Alice Braga). Elaine tem um caso com o piloto do pai, Denis (Daniel Hendler), que é assediado e chantageado por Abílio (Otávio Muller), o irmão problema que vive na sombra de Miro. Para proteger toda a família e resolver seus “problemas”, Miro usa os pistoleiros Albano (Cassio Gabus Mendes) e Brito (Eduardo Moscovis). O foco é a relação entre Miro e Elaine, marcada pela superproteção e pelo ciúme do pai e pelo desconhecimento da origem do luxo em que vive por Elaine.
Correndo em paralelo, temos o drama da relação entre Brito, o capanga, e Marlene (Via Negromonte), dona de um bar. Ambos disputam o controle da relação e Brito vive na fronteira entre seu instinto matador e o amor por Marlene. Curiosamente, as duas relações (Elaine/Denis e Brito/Marlene) nunca atingem a plenitude. Não por causa de um obstáculo ou outro, mas existência naquele ambiente marginal restringe as emoções humanas. Só assim para percebermos as semelhanças entre Elaine e Brito, duas pessoas que vagam pela vida sem saber exatamente para onde estão indo.
A minha falta de hábito em ver produções brasileiras com gangster não tira o mérito do filme de Ricca. Com um deslize aqui e outro ali, o filme tem qualidades.  Com um dos finais mais intensos que vi, Cabeça a prêmio nos deixa pensando no que pode ter acontecido depois que o filme acabou... 

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