sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A banalização do heroísmo

No Rio Grande do Sul, um garoto de 12 anos devolveu a carteira recheada de dinheiro a sua legítima proprietária. Foi eleito o herói da semana! No Distrito Federal, a Câmara Distrital aprovou Projeto de Lei que recompensa quem denunciar atos de corrupção com dinheiro público. É o herói remunerado! Uma sociedade que ascende a categoria de herói quem simplesmente agiu com honestidade, é um sinal de que essa mesma sociedade está doente. A desonestidade está tão impregnada nos nossos “valores”, que quando alguém age de forma honesta recebe o tratamento de herói.
Ser honesto não deve ser obrigação, mas princípio. Não se deve agir honestamente por medo de punição ou por que vai ser remunerado, mas esse valor tem que está arraigado em cada um de nós, como algo inerente a nossa conduta. Temos que inverter os valores, trocar a banalização da desonestidade, tão em voga na nossa sociedade enferma, pela banalização da honestidade, algo raro nos dias de hoje. Estamos tão acostumados ao “passar o outro pra trás”, “levar vantagem em tudo”, “ganhar a qualquer custo”, que quando nos deparamos com o simples ato de alguém devolver algo ao seu legítimo dono, nos comovemos.
A sociedade brasileira agoniza. Quando vemos um esperto enganando um tolo, pode está certo que o tolo caiu no “conto do vigário” estimulado pela sua própria cobiça, pela gana de ganhar fácil. Vibramos quando vemos um político punido por suas desonestidades (fato raro!), mas a classe política cínica, descarada e sem-vergonha é meramente um reflexo dos valores da sociedade cínica, descarada e sem-vergonha que o elege e reelege. Herói é quem abre mão da sua individualidade em nome da coletividade sem esperar nada em troca. E isso não temos visto por essas paragens!  Nossa sociedade está na UTI e sem previsão de alta, com sérios riscos de óbito. Nesse caso, não sobrarão heróis para contar a história. 

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