sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um alicerce de poeira ou: um desabafo! - Parte 1


A educação brasileira (notadamente a pública) vive num conto de fadas, um jogo de faz de contas: o professor faz de conta que ensina, o aluno faz de conta que aprende, o poder público faz de conta que presta um bom serviço, a sociedade faz de conta que recebe esse serviço. Quando você vê uma celebridade, um político, um pensador (quem quer que seja!) falando que um país só se desenvolve através da educação, que uma sociedade só evolui se tiver uma educação de qualidade ignore. É tudo balela, jogo de cena, verborragia inútil! Na prática, ninguém está ligando para a educação. Ninguém mesmo!
E de quem é a culpa?
De todos! Do poder público, da família, do aluno e até do professor. Ninguém (salvo raras e honrosas exceções) está preocupado com a educação. O poder público enxerga a escola como um depósito de crianças que a lei determina que têm direito à sala de aula; a família vê a escola como o local onde ela deixa seus filhos para serem educados (em todos os sentidos) enquanto pai e mãe trabalham; para o aluno, a escola é aquele espaço onde ele interage socialmente com seus amiguinhos, eventualmente estudam e, necessariamente passam de ano, de preferência sem precisar estudar; o professor está lá apenas para receber seus (míseros) proventos enquanto a chuva não passa.
Vou tentar ser o mais eficiente possível na explicação sobre as responsabilidades de cada um.
O poder público até hoje não conseguiu tornar a carreira de magistério atraente. Os cursos que formam professores atraem, na maioria, aqueles que não conseguem fazer outra coisa. E formam muito mal! Como também não consegue (ou não quer) remunerar esses profissionais. Em 2008, o governo federal criou o Piso Nacional do Magistério. Na época, alguns estados recorreram à justiça, mas o piso foi implantado.
No ano passado, seis estados (RR, MS, GO, PI, SC e RS), recorreram novamente à justiça questionando o cálculo de reajuste do Piso que, segundo a ação, seria inconstitucional, pois a lei estaria impondo regras aos estados e municípios e o tal cálculo estaria muito acima da inflação. Convém informar o salário bruto de cada um desses governadores que se recusam a pagar R$ 1.567,00 aos professores (fonte: revista EXAME):
Anchieta Júnior (PSDB): R$ 26.700,00
André Puccinelli (PMDB): R$ 25.444,09
Marconi Perillo (PSDB): R$ 20.042,00
Tarso Genro (PT) e ex-ministro da educação do governo Lula: R$ 17.347,14
Wilson Martins (PSB): R$ 16.500,00
Raimundo Colombo (PSD): R$ 15.000,00
Seria muito cômodo culparmos os políticos, mas se observarmos o judiciário a situação não muda muito (talvez até piore). No Amazonas, segundo o próprio TJ-AM, foi encontrado magistrado (mais precisamente uma juíza) recebendo R$ 100.605, 51 líquidos por mês. Recentemente, o TJ-RJ aprovou auxílio-moradia para os magistrados no valor de R$ 5.000,00. Imoral? Tem mais: retroativo a dez anos!!! Nesse mesmo estado o governador Sérgio Cabral recebe um salário bruto de R$ 20.600,00.
Em Rondônia, segundo o jornalista Alan Alex, o TJ-RO paga R$ 4.500,00 de auxílio-moradia aos desembargadores. Nesse mesmo estado, onde o governador Confúcio Moura (PMDB) recebe um salário bruto de R$ 23.052,31 (fonte: revista EXAME) e o prefeito da capital, o senhor Mauro Nazif (PSB), R$ 21.000,00 (Fonte: G1), os professores “mendigam” um auxílio-alimentação de R$ 300,00, que lhe é negado em nome da Lei de Responsabilidade Fiscal.  Para essa gente, o salário de professor é troco! 
DÁ PRA LEVAR UM PAÍS DESTE À SÉRIO?

Continua na segunda-feira... 

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