quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Breves entrevistas com homens hediondos – David Foster Wallace


David Foster Wallace nasceu em 1962 nos Estados Unidos, escreveu uma vasta obra composta de romances, contos e ensaios e foi encontrado enforcado em 2008. Sua escrita tinha como característica, além da ironia, da metalinguagem e da autoparódia, os extremos: misturava referências eruditas e banais, filosofia pós-moderna e cultura pop, escrita formal e linguagem das ruas. Na coletânea de contos Breves entrevistas com homens hediondos, escrito em 2000, não é diferente. Os contos que são bons são muito bons; os que são ruins são muito ruins. Ele, definitivamente, era um escritor de extremos.
O título do livro vem de quatro contos com o mesmo título em que sujeitos contam para entrevistadoras que nunca aparecem nas histórias casos variados. De longe, o mais polêmico deles é aquele em que um sujeito defende a ideia de que a violência sexual poderia trazer benefícios para sua vítima, fazendo-a ver o mundo de forma positivamente diferente. Em outro com o mesmo título, menos polêmico, mas de muita qualidade, um sujeito conta como seu pai passou toda a vida trabalhando no banheiro público de um hotel, sendo ignorado por todos os usuários, exceto quando precisavam dele.
A escrita de Wallace namora a chatice quando ele emprega determinadas inovações estilísticas, como nos contos A pessoa deprimida e Octeto, em que as notas de rodapé são maiores do que os contos. Ou no conto Datum Centurio, em que usa uma linguagem incompreensível para os simples mortais. Mas Wallace tem seus méritos, senão não seria considerado gênio por muitos críticos, diversifica seus temas, usa a ironia, até mesmo o humor negro. Breves histórias... não é um livro fácil que se ler num fôlego, mas se você conseguir chegar até o fim é uma experiência que compensa.     

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