sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Manoel de Barros


“O maior apetite do homem é desejar ser.
Se os olhos veem com amor o que não é, tem ser”
Antes de ontem o poeta Manoel Wenceslau Leite de Barros, ou simplesmente, Manoel de Barros, fez 96 anos. Nascido em Cuiabá, foi para Corumbá (MS) com um ano, sendo considerado por muitos, ele inclusive, corumbaense. Foi criado na fazenda do pai, com os pés no chão entre currais e coisas “desimportantes” que marcariam toda a sua obra. Aos oito anos foi mandado para o colégio interno em Campo Grande e depois no Rio de Janeiro. Somente conheceu o gosto pelos estudos quando teve contato com a obra do padre Antônio Vieira, através de quem descobriu que “o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança” e que “servia era para aquilo: ter orgasmo com as palavras”.
Ao deixar o colégio interno, dez anos depois, conheceu a rebeldia através do poeta Arthur Rimbaud, teve contato com pessoas engajadas na política, leu Marx e entrou para a Juventude Comunista. Escreveu seu primeiro livro aos 18 anos, que não foi publicado, mas salvou-lhe da prisão, quando teve seu único exemplar apreendido pela polícia. Seu primeiro livro publicado foi Poemas concebidos sem pecado (1937), com uma tiragem de vinte exemplares. Rompeu com os comunistas em 1945, quando Luiz Carlos Prestes saiu da prisão para apoiar o mesmo governo que o tinha prendido. Desiludido, voltou para o Pantanal. De lá, andou pela Bolívia, Peru e Nova York, onde fez um curso de cinema e pintura no Museu de arte Moderna.
Na década de 60, casa e retorna ao Pantanal e passa a viver da criação de gado e da poesia. Seu trabalho só passa a ser reconhecido nacionalmente na década de 80, quando foi descoberto pelo escritor Millôr Fernandes e ganha, em 1987, o prêmio Jabuti com O guardador de águas. Diz que o anonimato foi "por minha culpa mesmo. Sou muito orgulhoso, nunca procurei ninguém, nem frequentei rodas, nem mandei um bilhete. Uma vez pedi emprego a Carlos Drummond de Andrade no Ministério da Educação e ele anotou o meu nome. Estou esperando até hoje", conta. Nem precisa mais! Manoel de Barros é considerado um dos maiores poetas vivos do Brasil. Atualmente vive em Campo Grande (MS). E muito vivo!

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