quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O apanhador no campo de centeio – J. D. Salinger


O que faz um livro aparentemente despretensioso se transformar num dos maiores clássicos da literatura no século XX? Talvez o fato de ser “aparentemente despretensioso”. É o caso de O apanhador no campo de centeio, escrito pelo americano J. D. Salinger em 1945 e publicado em 1951. Escritor recluso, Salinger emprega uma linguagem simples e curta ao narrar as angústias e desventuras do adolescente Holden Caulfield durante um final de semana após ser expulso do internato por desempenho insuficiente (notas baixas). Toda a narrativa se dá no périplo do jovem Holden entre a escola e a sua casa, onde o esperava o temido encontro com a família.
Mas o que o périplo do jovem adolescente que tenta adiar o encontro (e as cobranças) com a família poderia ter de interessante a ponto de transformar o livro num clássico? Salinger descreve de forma clara a mente confusa de um jovem empregando uma linguagem objetiva e sem floreios, descrevendo sua melancolia de maneira contagiante. E o que não falta na vida do jovem Holden são motivos para sua depressão (pelo menos na sua mente adolescente). Para ele só existem três pessoas que podem tornar sua vida menos miserável: seu irmão Artie, já falecido; sua irmã Phoebe, de 10 anos, que percebe as angústias do irmão, o que a torna uma heroína aos seus olhos; e seu professor Antolini.
Este último personagem mostra a Holden que o home adulto vive humildemente por uma causa ao invés de morrer nobremente por ela. Esse pensamento do professor desperta em Holden o medo de crescer e se tornar adulto faz com que ele enxergue a sociedade que o cerca de forma vazia e superficial. O apanhador no campo de centeio virou um clássico a ponto de tornar-se referência para músicos e roteiristas (mesmo o autor nunca tendo autorizado a sua adaptação para o cinema). O livro também influenciou alguns malucos, como Mark Chapman, o assassino de John Lennon, que disse que a causa do assassinato estava no livro. Outro maluco que se diz influenciado pelo livro é John Hinckley Jr., que em 1981 tentou matar o então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan. 

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