quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O livro negro – Orhan Pamuk


Ano passado li Neve, o romance político de Orhan Pamuk e escrevi sobre ele num post de 16 de novembro do ano passado. A leitura dessa obra do Nobel de 2006 me estimulou a buscar outras de suas obras. Por isso me debrucei sobre O livro negro, lançado na Turquia em 1990, mas traduzido para o inglês somente em 2006. Como diz o próprio autor esse “não é o mais popular” dos seus livros, mas é “o mais querido” por ele. O fato de não ser o mais popular dos livros de Pamuk se explica por ser ele uma obra de estrutura complexa e narrativa experimental.
O livro começa com o desaparecimento de Ruya, esposa e prima do jovem advogado Galip, deixando-lhe um bilhete. Começa então a busca desesperada de Galip, pelas ruas de Istambul, para achar a sua esposa. A narração da busca de Galip é entremeada pelas crônicas do célebre jornalista Celâl selik, meio irmão de Ruya e também primo de Galip. Celâl vive escondido e escreve sobre todos os temas, da política à celebridades de cinema, passando por religião, gângsteres e reminiscências familiares. O que parecia um romance policial, logo percebe-se que é uma representação de um grande quebra-cabeças metafísico.
Ao mesmo tempo em que busca desesperadamente a sua esposa, Galip acompanha a vida de Celâl através de suas crônicas. Isso acaba desintegrando a sua personalidade e transformando-o no próprio Celâl. É a partir desse fato inusitado que o autor discute um dos principais argumentos do livro: “Existe algum modo de um homem ser apenas quem é?”  logo depois, o próprio autor dá uma pista: “(...) o único meio de transformar-se em si mesmo é primeiro ser um outro, ou então perder-se nas histórias contadas por um outro (...).” Um livro que exige uma certa dedicação do leitor  para tentar elucidá-lo, mas que vale a pena ser lido. 

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