terça-feira, 17 de julho de 2012

Uma entrevista ontológica


É ontológica mesmo! Somente a metafísica para explicar a postura da ex-primeira-dama Rosane Collor na sua entrevista ao Fantástico. O seu cinismo é transcendental! Cinismo por que ela compactuou com as falcatruas do ex-marido durante não só os dois anos em que ele foi presidente da República, mas pelos treze anos seguintes quando ela foi casada com ele. Por que apenas agora a ex-primeira-dama resolve contar os “podres” do hoje senador Fernando Collor de Melo? Cinismo por que a então primeira-dama era presidente da LBA (Legião Brasileira de Assistência), instituição que servia de cabide de emprego para os políticos na época e que foi extinta pelo governo FHC, foi acusada de desvio de verbas do órgão e destituída do cargo em virtude das denúncias.
Rosane abusa do cinismo quando diz que “acha pouco” a pensão de R$ 18.000 que recebe do ex. E cita como exemplo outra dondoca que recebe quase R$ 40 mil do ex. Não discuto o direito que ela tem na partilha dos bens que ajudou a amealhar ao lado do ex-marido. Mas uma pensão com valor tão alto é discutível para uma mulher ainda jovem. Será que ela já pensou em trabalhar? Quando se refere às mortes das pessoas envolvidas de alguma forma com Collor, Rosane diz que não acredita em coincidência, mas em “jesuscidência”. Eu acredito em cara de pau, que é o que a ex-primeira-dama esbanja durante a entrevista.  
Rosane ainda ajuda a aumentar o preconceito com religiões de matrizes africanas quando fala que o então presidente usava rituais de magia negra para atacar ou se defender de inimigos. Como se essas religiões só servissem para esse fim. Percebe-se que a conversão da ex-primeira-dama deveu-se menos à força da fé do que ao peso do ressentimento. Sua postura só reforça aquela ideia (também preconceituosa) de que “todo evangélico é ex alguma coisa”. Em mim reforça a convicção, de resto já arraigada, de que se deve sempre duvidar de um sujeito que anda com uma Bíblia debaixo do braço usando-a como salvo-conduto ou como uma certidão negativa de maus antecedentes. 

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