terça-feira, 22 de maio de 2012

Trono de vidro – Antônio Olinto


A trilogia Alma da África, de Antonio Olinto é marcada por protagonistas de personalidades fortes. No volume um era a velha Mariana, filha de escravos e que migrou com a avó, a mãe e dois irmãos de volta para a África e construiu um império vendendo água. No volume dois era Abionan, a vendedora de mercado que queria ter um filho e fazer dele o rei de Keto. Essas duas personagens aparecem em Trono de vidro, o volume três da trilogia, mas a protagonista de personalidade forte do romance é a jovem Mariana, neta da velha Mariana e filha de Sebastian Silva, presidente de Zorei assassinado no final do volume um.
A história se passa em 1985, quando a jovem Mariana, após estudar na França, retorna à África e é acometida de constantes lembranças do pai morto em 1968. Essas lembranças vão despertar nela o desejo de voltar à Zorei, que vivia sob uma ditadura militar. A partir daí ela vai liderar um movimento que os seus partidários chamaram de “sebastianismo”, uma alusão ao seu pai e que se inspirou no sebastianismo português, que era a crença na volta de D. Sebastião, rei morto na batalha de Alcácer-Quibir. O objetivo do movimento era tomar o poder democraticamente usando, para isso, a popularidade do pai de Mariana na época em que ocupou a presidência do país.
Olinto consegue mostrar de forma muito competente os vícios da política em países onde imperava a miséria nos anos 80: fraudes eleitorais, manipulação, censura, repressão. E desse jogo de manipulação do eleitorado não fica de fora a jovem Mariana, que adota um nome ioruba, Ilufemi, para melhor ser aceita pelo ´povo e transforma o movimento político que liderava em movimento messiânico. Dos três volumes, esse é, com certeza, o mais eletrizante e tenso. Vale a pena ler... 

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