terça-feira, 13 de março de 2012

O bom (?) samaritano

Desconfie do bom samaritano que alardeia suas ações aos quatro cantos. Desconfie do bom samaritano que não se contenta em fazer a boa ação. Todos têm que saber. O bom samaritano de verdade se contenta em apenas fazer o bem. Sem publicidade. Você com certeza já ouviu falar que “de boas intenções o inferno está cheio”. Não é esse o caso. As boas intenções desse suposto bom samaritano estão apenas na aparência. Ele é um mal intencionado. Parece ser esse o caso do pastor-celebridade Marcos Pereira, um artista do púlpito que conquistou o respeito de políticos, artistas e ONGs.

O pastor Marcos, carioca de 55 anos, converteu-se em 1989 e fundou sua própria igreja dois anos depois, a pentecostal Assembléia de Deus dos Últimos Dias, com sede no Rio e filiais no Paraná e no Maranhão. Lá, segundo seus detratores, instituiu um reinado de trevas, proibindo refrigerante, rádio, televisão (apesar de ter um telão em seu gabinete) e remédios. Remédios? Sim. A igreja se encarrega da cura, desde que o infeliz que dela precisar pague uma taxa extra através de boleto bancário. Os cultos da igreja (barulhentos e teatrais) chegam a reunir 15 mil pessoas. O pastor é visto como um habilidoso apaziguador de conflitos liderados por bandidos, como motins em presídios, e afirma ter “curado” muitas almas do tráfico.

Esse mundo e essa imagem do pastor Marcos começam a desmoronar ao que tudo indica. Tudo começou com uma denúncia de ameaça de morte feita pelo presidente da AfroReggae, José Júnior. Depois dele dois ex-fiéis da igreja denunciaram o pastor por encenações de cura pela fé, estupro, tortura de crianças e relações criminosas com traficantes. Segundo esses dois denunciantes, o pastor marcos chegava a cobrar R$ 20 mil para fazer cultos em comunidades dominadas por traficantes e, quando estes caíam em desgraça, cobrava 10% de tudo o que tinham acumulado para escondê-los em uma de suas propriedades para não serem presos.

De acordo com as denúncias, a relação do pastor com os criminosos era tão promiscua que, em 2006, durante um ataque de traficantes a vários pontos da cidade, ele chegou a aconselhar os meliantes a intensificarem os ataques, inclusive “explodir a ponte Rio-Niterói”, segundo um dos denunciantes que teria ouvido as palavras do próprio pastor, para que ele surgisse como o grande mediador da crise. Parece que a máscara do bom samaritano começa a cair...

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