sábado, 25 de fevereiro de 2012

Todo dia é dia de índio

Tem-se uma visão romântica sobre os índios. Ou pelo menos queremos ter e impor essa visão aos índios. Índio tem que viver pelado na tribo, comendo mandioca e peixes. Caçar? Só com arco e flecha. Índio tem que viver longe dos brancos para preservar a sua cultura e sua língua. Essa é uma visão não apenas romântica, mas irreal e distorcida. Foi essa visão irreal e distorcida que deu origem à aberrações como a reserva Raposa Serra do sol, um mundo de terras para um punhado de índios. Como se o índio ainda fosse nômade, portanto precisasse de muito espaço para sobreviver e preservar a sua cultura.

Almir Suruí, líder dos Suruís, mostra que é possível conciliar preservação da cultura com desenvolvimento. “Nós, povos indígenas, não temos mais o direito de ficar isolados.”, diz Almir, cuja tribo usa GPS e smartphones para monitorar o desmatamento da sua reserva, que ele vê como um meio de vida para a tribo, explorando-a de forma responsável. Isso não impede que as escolas da tribo valorizem o ritual e a língua nativa. “Vamos continuar com nossos rituais. Sempre. Mas isso não nos impede de avançar. Os suruís vão continuar com sua cultura, mas ao mesmo tempo terão nível superior, doutorado”.

Índio não pode ser tratado como débil mental, como povo exótico para ser admirado por turistas. Índio tem o direito ao desenvolvimento e à riqueza. A preservação da sua cultura deve ser uma opção do próprio índio. Os meios utilizados para essa preservação devem ser escolhidos pelo próprio índio. Não podemos ficar tutelando o índio como forma de aliviar a nossa consciência histórica. Índio tem que ser tratado como um povo livre para se desenvolver e construir riquezas.

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