quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O rei de Havana – Pedro Juan Gutierrez

O escritor Pedro Juan Gutierrez costuma dizer que tem horror à política. Desconfia-se que é uma estratégia para continuar produzindo num regime repressivo, como o cubano, como também morando em Cuba, país onde nasceu em 1950 e de onde não quer sair para um exílio forçado. No livro O rei de Havana está a realidade dura, miserável, brutal e apocalíptica de cuba após décadas de ditadura de Fidel Castro. Não é por acaso que as editoras cubanas se recusam a publicar os livros do autor, alegando razões comerciais. Dono de um estilo seco e direto, sem meias palavras ou entre linhas, Gutierrez traça um panorama trágico da sociedade cubana.

A história se passa em Havana, naturalmente, e seu protagonista é Reynaldo, o Rey, um jovem de treze anos que vê, em apenas dois minutos, a sua mãe, o seu irmão e a sua avó morrerem e ele ser mandado para um reformatório, acusado pelas mortes. Na primeira oportunidade foge do reformatório e tenta sobreviver em meio a miséria. Para isso, lança mão do sexo, seja com a jovem prostituta, com a velha vizinha, com a vidente ou com o travesti. A sua grande arma para sobreviver era seu avantajado pênis com as perlonas (esferas colocadas na glande), que foram implantadas na época do reformatório.

Há quem veja no personagem Reynaldo uma metáfora do país e da degradante situação vivida pela maioria da população cubana. Há quem veja também uma referência à influência soviética e ao embargo americano. O fato é que a narrativa é extremamente realista e suja. Gutierrez é um grande escritor, entre outros motivos, por não se conseguir parar de ler o livro e por este criar uma curiosidade e uma expectativa em relação às outras obras do escritor. O rei de Havana despertou em mim uma curiosidade insustentável de ler Trilogia suja de Havana, obra anterior de Gutierrez.

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