quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meu orgulho

Segundo o IBGE, os ateus, juntamente com os agnósticos e os crentes sem religião, representam 6,7% da população brasileira. Acostumados a debater suas idéias somente na internet, já que em público estão sujeitos a muitas críticas, os ateus resolveram “sair do armário” e realizaram o 1º Encontro Nacional de Ateus, no último dia 12, simultaneamente em 21 estados e no Distrito Federal. Os ateus querem mostrar publicamente o “orgulho” de serem ateus e organizarem a sua força. Vejo nisso algo desnecessário e paradoxal.

Acho desnecessário e uma bobagem essa história de sentir orgulho de ser ateu. Como também acho uma bobagem sentir orgulho de ser cristão. Sou ateu. Ponto. Não devo me orgulhar nem tampouco me envergonhar. É como a expressão usada pelo movimento gay nas suas manifestações: passeata do orgulho gay. Não vejo por que uma pessoa deva se orgulhar ou se envergonhar de ser gay. O mesmo vale para os héteros que já querem criar o dia do “orgulho hétero”. A sexualidade não deve (ou não deveria) ser motivo de orgulho ou vergonha para o indivíduo. Ele é o que é e ponto. As pessoas devem se sentir orgulhosas de serem cumpridoras dos seus deveres, devem se orgulhar de agirem com ética, respeitando o espaço do outro e convivendo com as diferenças de forma civilizada.

Acho paradoxal essa história de se “reunir e organizar a nossa força”, como disse a estudante gaúcha Stéphanie da Silva, militante da Sociedade Racionalista. Soa paradoxal ateus militantes se reunirem para um ceticismo contra a fé, religião e deuses. Agindo assim, o ateísmo se torna uma opção de crença, a da negação, à disposição dos que procuram algo em que acreditar, no caso, que Deus não existe. Se já não bastasse esse paradoxo, o filósofo suíço Alain da Botton anunciou a construção de um templo ateu em Londres. Um desperdício de tempo, dinheiro e criatividade.

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