quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Até eu faria

Na juventude fui um jogador de futebol razoável. O que atrapalhava um pouco era a bola. Com 1,86 m e raquíticos cinqüenta quilos, parecia uma gazela correndo atrás da bola. Ou ela correndo atrás de mim. Quando levava uma trombada de algum adversário, me desmontava desgazeladamente no chão. Se me perguntavam em que posição jogava, só me ocorria responder: “De pé. Às vezes deitado.” Se acontecia de fazer um gol, só podia ser por um descuido milagroso de algum santo da fauna celeste. Eu era ruim! Tinha que contar com a bondade e a posterior paciência dos meus colegas de time. Mas invariavelmente ouvia algumas reclamações desaforadas sobre as minhas habilidades.

Todo esse preâmbulo foi pra dizer que o gol que o atacante Deivid, do Flamengo, perdeu ontem, até eu fazia. O sujeito recebe a bola a dois metros da linha do gol, sem goleiro, tendo uma trave que mede 7,32 m por 2,44 m e consegue acertar o travessão que não mede mais do que 12 cm de diâmetro. Até eu faria. O goleiro do Vasco nem se deu ao trabalho de olhar o lance. Saiu para reclamar com sua defesa pelo gol sofrido. Que gol? O técnico do Flamengo nem se deu ao trabalho de acompanhar a jogada, foi comemorar o gol. Que gol? Eu comemorei o gol antes da bola entrar. Que gol?

Os desavisados podem dizer que errar é humano. Mas errar várias vezes passa a ser incompetência. Deivid já tem um histórico de errar gols inacreditáveis. Esse é a sexta vez. A mais célebre, antes dessa, foi contra o Santos, no Brasileirão do ano passado. A sorte é que naquela oportunidade, o Flamengo ganhou a partida. Deivid não teve a mesma sorte ontem. O Flamengo perdeu não apenas a partida, mas a classificação para a final da Taça Guanabara. Se eu ganhasse 1% dos 700 mil que Deivid ganha, cobraria escanteio e correria para área para cabecear.

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