terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A preguiça

Mamífero, da ordem Xenarthra, pertencente à família Bradypodidae (com três dedos) ou Megalonychidae (com dois dedos). Conhecido popularmente como Preguiça ou bicho-preguiça. Segundo Luis Fernando Veríssimo, foi a preguiça a mola propulsora, a força motriz do desenvolvimento humano. Não o bichinho, ressalte-se. Mas a indolência humana. Nenhum animal, a não ser a própria preguiça, é mais preguiçoso do que o homem. Dizem que a agressividade e o gosto pela guerra determinaram o avanço científico da humanidade. Para Veríssimo, tudo balela! O que determinou o avanço científico da humanidade foi a preguiça. Será que Veríssimo está certo? Preguiçosamente, vamos tentar analisar a sua tese.

Para Veríssimo, a linguagem é fruto da preguiça humana de roncar, grunhir, pular e bater no peito para se comunicar. A técnica também. O estilingue, a flecha e a lança nada mais são senão formas de não precisar ir lá esgoelar a caça ou o inimigo. A roda? Um dos símbolos da preguiça humana. Melhor do que caminhar ou correr é atrelar uma charrete a um animal menos preguiçoso e se deslocar preguiçosamente. A arma de fogo é fruto do esforço necessário para matar os outros sem esforço. O míssil intercontinental é o aperfeiçoamento da preguiça aplicada.

E as telecomunicações? Para Veríssimo, desde os tambores tribais até os sinais de TV e a internet prevaleceu o desejo humano de enviar a mensagem a ir entregá-la pessoalmente ou mandar um “guri resmungão”. Até mesmo a ambição e a fome de poder e riqueza é fruto da preguiça. É a vontade de mandar os outros fazerem o que nós temos preguiça de fazer. A filosofia é fruto da contemplação, que é subproduto da preguiça. E as artes? Michelangelo pintou a Capela Sistina deitado. Proust escreveu Em Busca do Tempo Perdido na mesma posição. Ufa. Que preguiça. É melhor parar por aqui.

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