sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A lição chinesa

O sistema educacional de Xangai, na China, conquistou o primeiro lugar no mundo no último Pisa, o teste de qualidade educacional mais relevante do mundo na atualidade. O Brasil é 54º entre 65 países que fizeram o mesmo teste. O economista e colaborador da revista VEJA Gustavo Ioschpe, viajou até Xangai pra conhecer o método educacional chinês e compará-lo com o brasileiro. Claro que é impossível copiar os chineses, mesmo por que a educação de um povo é reflexo de sua cultura, sua história e suas aspirações. No entanto, se não é possível copiar o sistema como um todo, é possível adotar determinadas políticas públicas, resguardando, naturalmente, as diferenças entre os dois países.

O que norteia a educação chinesa é o pragmatismo, que se revela, sobretudo, no pensamento sobre o papel do professor. Para dá o salto de que precisavam, os chineses perceberam que precisavam, e não tinham, de professores em quantidade e qualidade. Como resolver o problema? A primeira coisa que fizeram foi aumentar o número de alunos em sala. Era preferível 40 alunos com um bom mestre, do que duas salas de 20, sendo uma com um bom professor e outra com um mal professor. A segunda medida foi diminuir o número de funcionários administrativos. Em Xangai, há 0,28 funcionários para cada professor. No Brasil a relação é de 1,5 para cada professor.

O terceiro passo foi estruturar a carreira e a remuneração do professor. A remuneração básica é pouco atrativa. Para aumentar a renda, o professor deve ser avaliado positivamente, através do desempenho dos alunos e por avaliações de colegas e diretores. Outra forma é passar ao nível superior da carreira. Para isso, além de demonstrar suas qualidades, tem que aumentar a quantidade de horas de treinamento. Na china, aumentos salariais não são gratificações, mas contrapartidas. Há o predomínio da meritocracia.

No Brasil, há duas chagas, entre outras, que impedem a melhoria da educação pública: a isonomia e a estabilidade. A isonomia impede que o bom professor, que alcança resultados positivos, ganhe mais do que o professor que não tenha um desempenho favorável. A estabilidade impede, ou dificulta, a demissão do profissional incompetente. Como conseqüência, o salário do professor brasileiro, de acordo com pesquisa da OIT e da UNESCO, é o 3º pior do mundo, não sendo pior apenas do que o do Peru e a da indonésia.

Outra característica importante é abertura ao exterior. Os chineses não se sentem constrangidos em copiar o que dá certo em outros países, colocando seus funcionários e intelectuais em contato com tudo o que acontece no mundo, para selecionar e trazer o que há de melhor para a China. O gradualismo também é uma marca da educação chinesa. Como é um país muito grande, com mais de 40.000 cidades, o governo, antes de colocar um programa em funcionamento, testa-o em pequenas cidades. Se der certo, torna-se política pública nacional. Essa estratégia evita o que aconteceu com o ENEM, aqui no Brasil, que foi implantado sem testes prévios e vem apresentando falhas a cada ano. Ainda temos o que aprender...

Um comentário:

  1. o Brasil ainda tem mto que melhorar.Copiamos tantas coisas, pq não copiarmos algumas politicas educacionais que dão certo em outros países. Ficamos implantando ações que não nos leva a lugar nenhum. Salário é fundamental, mas qualificação, disposição por parte do profissional e vontade tbm sao.

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