quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A freirinha dançou

Você já ouviu falar em Anna Nobili? É essa moça da foto acima, antes e depois da conversão. Ela costuma (ou costumava) dançar em encontros católicos, principalmente na Basílica di Santa Croce in Gerusalemme, em Roma, mostrando belas (e “intermináveis”, segundo expectadores) pernas. Anna é ex stripper e converteu-se em 2008 depois de “encontrar Jesus”. Jura que Jesus devolveu-lhe a virgindade. Pois é, o papa Bento XVI resolveu fechar o dito monastério, alegando irregularidades litúrgicas, financeiras e morais. Em uma das apresentações, a irmã Anna Nobili dançava pole dance em torno de uma cruz de madeira. Não se pode alegar que falte a ela criatividade.

E é essa uma das minhas reservas às religiões: a falta de criatividade. “Utilizo o baile como forma de oração”, afirma a irmã Anna. Será a genuflexão o único meio eficaz para se orar e alcançar a “Graça Divina”? Não haveria outros meios menos ortodoxos e igualmente eficazes? A freirinha italiana acredita que sim. Um desses meios seriam as suas “danças santas”. Esqueceu de combinar com o sisudo Bento XVI e seus colegas de vaticano. Por isso dançou, com o perdão do trocadilho.

Acho curiosa, para não dizer estúpida, a relação da religião com o prazer. Por que o sujeito tem que renunciar ao prazer para conseguir a “salvação”? Não existe possibilidade de conciliar os dois? Não aceito a idéia de a “salvação” ser uma recompensa pelo sofrimento na vida. Aliás, nem acredito nessa “salvação”. Mas se ela existir é uma conseqüência da sua postura diante dos seus semelhantes, agindo com correção e justiça. Não necessariamente com “pureza”. A finalidade da vida é a busca da felicidade. Não creio que a felicidade esteja na renúncia ao prazer. A felicidade reside exatamente no prazer. E a freirinha pagou por orar com prazer.

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