segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Caleidoscópio

Sinto os grãos de areia batendo na minha pele como se fossem pedras. O barulho é ensurdecedor, mas me trás a paz necessária. Objetos de tamanhos variados passam rente ao meu rosto. Não os distingo. Seriam camas? Ou sofás? Imagino as pessoas trepando neles. Orgias no meio do vendaval! Ninguém é de ninguém e todos se pertencem. Sentimento de posse. Além do barulho do vento, ouço o som do motor de um avião que vai sumindo aos poucos. Está chegando ou partindo? Não faz diferença: a sensação de perda é a mesma. Perda do que mesmo? Só posso perder o que não me pertence. Nada me pertence.

Os nomes serão escritos na água. O que ficar será escolhido. Cheiros, gostos, felação deficiente: Nada mais importa. Apenas o nome. Muitos cadáveres insepultos ficarão pelo caminho. Afogados. Alguns voltarão a assombrar até ficarem putrefatos. Comida de peixes. Vingança. Acolhimento, posse. Te pertenço. Não seremos órfãos do prazer. O prazer e a dor de mãos dadas. Como nós! Os livros nos contam histórias e nos dão idéias. E que idéias! Espírito de renúncia versus prazer. Com que ficamos? Com a dor.

O cão ladra. Deve está escutando os gritos e sussurros de prazer. É a orgia, o gozo dos devassos! O barulho do vendaval não é capaz de suplantá-los. Fazer ou não fazer parte. Temor. Iremos? Sintaxe em pânico. Pensamento revolto. Mãos procuram membros. Bocas buscam o prazer. Respiração ofegante, contato, palavrões, posse efêmera, cumplicidade, violência controlada e consentida, gozo. Pontinhos brilhantes pululam para onde quer que se olhe. Será essa a imagem do que se busca? Não é necessário pedir perdão. Pecado não há. Só o prazer. O grande mal é a sensualidade reprimida: oligofrenia sexual.

Imperativo categórico: ser feliz.

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