sábado, 3 de dezembro de 2011

Zuckerman acorrentado

Philip Roth é considerado pela crítica como o melhor escritor americano da atualidade. Tive contato com a sua obra no ano passado quando li A humilhação, 30º romance do escritor. Nele Roth conta a história de Simon Axler, um ator sessentão que constata que não sabe mais atuar. A partir daí sua vida entra num espiral de perdas: a mulher o abandona, o público idem e o seu agente não consegue convencê-lo a voltar a atuar. É nesse contexto que Simon se envolve com uma jovem homossexual, filha de um casal de atores que ele conheceu na juventude. Roth é um escritor judeu que tem a identidade judaica como tema da maioria dos seus livros.

Não diferente em Zuckerman acorrentado, que conta com três romances e uma novela, chamada de epílogo, envolvendo o personagem Nathan Zuckerman, considerado o alter ego do escritor. No caso desse livro, à questão da identidade judaica soma-se a questão da identidade do escritor. No primeiro romance, O escritor fantasma, Zuckerman aparece como um aspirante a escritor que vai visitar um grande mestre, E. I. Lonoff, um escritor recluso que leva uma vida aparentemente ascética. No segundo romance, Zuckerman libertado, Nathan é um escritor de sucesso com o seu livro Carnovsky, narrativa cheia de sexo e dotada de uma visão crua sobre a condição judaica. Transformado em celebridade, Nathan verá a sua sanidade ameaçada pela invasão da sua privacidade.

Lição de anatomia encontra Nathan em crise. À beira dos 40 anos, não consegue escrever a 18 meses, acossado por dores excruciantes na coluna (mal que acometeu o próprio Roth). Decide largar a literatura e ingressar num curso de medicina, empreitada que terá tudo para redundar em fracasso. Na novela final, A orgia de Praga, Nathan vai à Praga comunista tentar resgatar um manuscrito de um oprimido escritor judeu tcheco. Roth já entrou no meu rol de escritores prediletos. Fiquei com vontade de ler mais.

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