sábado, 26 de novembro de 2011

Mário Lago

Gosto e preciso de ti

Mas quero logo explicar

Não gosto por que preciso

Preciso sim, por gostar

(Mário Lago)

Mário lago, que faria cem anos hoje, é conhecido pela maioria pelas atuações nas novelas da Rede Globo. Mas ele não era apenas ator (e um grande ator), era também advogado, poeta, radialista, letrista, escritor e cantor. Mário nasceu no boêmio da Lapa em 26 de novembro de 1911 e viveu a época de ouro do samba e do florescimento da cultura popular brasileira no início do século XX. Filho do maestro Antônio Lago, logo depois de formado em direito e já militando no PCB, na década de 30, iniciou a carreira artística escrevendo, compondo e atuando no teatro de revista.

O primeiro grande sucesso veio em 1938 com “Nada Além”, em parceria com Orlando Silva: “Nada além/ Nada além de uma ilusão/Chega bem/Que é demais para o meu coração”. “Ai que saudades da Amélia”, em parceria com Ataulfo Alves fez tanto sucesso que “Amélia” tornou-se sinônimo de mulher submissa e dedicada aos trabalhos domésticos. Outra música de Mário Lago fez grande sucesso na voz de Carmen Miranda, a marchinha de carnaval “Aurora” (Se você fosse sincera/Ô ô ô Aurora). Apesar de dizer que preferia a televisão ao cinema, atuou em filmes como “Terra em transe” de Glauber Rocha (1967), "O Padre e a Moça", de Joaquim Pedro de Andrade (1966) e "São Bernardo", de Leon Hirszman (1972).

Na televisão, o que mais gostava de fazer, estreou em 1963, na série "Nuvem de Fogo". Em 1966, Mário Lago fez sua primeira novela, "Sheik de Agadir" da Rede Globo. Entre novelas, séries e minisséries, Mário participou de mais de 90 produções para TV. Sua última atuação foi na novela "O Clone", da TV Globo em 2001. Além da sua carreira artística, Mário dedicava-se à política. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde os tempos de faculdade de direito, em 1957 chegou a visitar a então URSS. Essa proximidade com os comunistas lhe rendeu várias prisões (1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969).

Segundo Monica Velloso, historiadora e autora da biografia Mário Lago: Boemia e política, Mário "sobreviveu" a duas ditaduras porque ele “interpretava” o tempo todo. "Ele contava que, graças as suas habilidades artísticas, era bem sucedido nos interrogatórios promovidos pelos militares. Foi o seu talento de ator e sua rapidez ao responder as perguntas que o salvaram dos momentos difíceis", revela a historiadora. Mário Lago atuou em várias campanhas políticas, como as Diretas Já. Com a volta da democracia no fim da década de 1980, passou a apoiar o PT nas eleições. Morreu em 30 de maio de 2002, aos 90 anos, de enfisema pulmonar.

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