sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Guernica

Se chamássemos Pablo Picasso de pintor de rodapé, o epíteto estaria meio certo. O indivíduo media apenas 1,62m, mas não pintava apenas rodapé. Seu talento é inversamente proporcional a sua estatura. Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Martyr Patricio Clito Ruiz y Picasso (ufa!) é considerado o mais polêmico e o mais influente artista da história da arte do século XX. Admiro-o não apenas pelo seu inquestionável talento artístico, mas também pelo seu engajamento político. O interesse desse texto é em uma obra específica do artista: o quadro Guernica.

O painel, que você vê acima, foi produzido em 1937 (quando da Exposição Internacional de Paris) e é uma referência ao bombardeio aéreo feito pelos alemães durante a guerra civil espanhola, à localidade de Guernica, no país Basco, no dia 26 de abril de 1937. Guernica, base histórica do nacionalismo basco que queria derrubar Franco, ditador espanhol, se converteu na primeira cidade da História destruída por um ataque aéreo direcionado contra alvos civis. Estima-se que tenham morrido entre 300 e mil pessoas. Esse quadro é considerado o manifesto político do artista.

A história do bombardeio é recheada de controvérsias. Segundo o historiador judeu-americano Raymond Proctor, em sua obra Hitler’s Luftwaffe in the Spanish Civil War , quem destruiu a cidade não foram as bombas lançadas pelos alemães, mas os próprios comunistas que usavam a cidade como depósito de armamento e munições. Como não tinham como defender as suas posições diante da aproximação dos aviões nazistas, explodiram tudo, para que não caísse nas mãos do inimigo, o que ocasionou a destruição da cidade.

A história do quadro também é controversa. O historiador inglês David Irving, em sua obra Hermann Goering, a Biography, afirmou que o quadro é uma farsa, pois estaria pintado muito tempo antes do bombardeio, idealizado como uma corrida de touros. Foi rebatizado após 26 de abril de 1937, para adaptar-se às exigências político-ideológicas dos amigos marxistas de Picasso. Em outras palavras, a tela estava “encalhada”, e Picasso, solicitado a representar o motivo da violência, em virtude de tal bombardeio, aproveitou para escoar sua produção. Será? Independente das controvérsias, polêmicas e teorias, tem um pequeno episódio que mostra toda a verve irônica e polêmica do pintor. Quando da ocupação nazista na França, o embaixador alemão teria perguntado com desdém a Picasso, diante de uma foto de "Guernica": "Foi o senhor que fez isso?". Ao que Picasso teria respondido: "Não, foram vocês". A resposta, pelo menos, foi genial.

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