sexta-feira, 11 de novembro de 2011

campinho de pelada

Estava ontem tentando assistir o jogo do Brasil contra o Gabão. Digo “tentando” por que o jogo já não promete e com aquele gramado. Parece que jogaram um meteoro em campo. Isso me fez lembrar os campos de peladas (muitos melhores do que o do campo de ontem) e que, na sua maioria não existem mais. Os campos de pelada eram verdadeiras instituições na minha infância. Foram substituídos por condomínios, prédios de escritórios e casas. Não sei como se chamam os campos de futebol amador em outros lugares, no lugar onde nasci e passei a infância (na Paraíba) se chamava “campo de pelada”. Cada terreno baldio era transformado em campo. Se não existisse terreno baldio, servia a rua mesmo. O problema era quando havia algum vizinho que chamava a polícia. Já levei muita carreira da polícia por causa disso.

O futebol de pelada, como era conhecido, era dividido em duas “categorias”. Uma delas era voltada para os atletas amadores adultos, independente da idade. O sujeito trabalhava a semana toda e no final de semana ia tirar o stress em campo. Cada bairro possuía pelo menos um time. E cada time seu campo! Havia bairros que tinham dois ou mais times. O time do meu bairro era o Guarani que, diferente do original campineiro que é alviverde, possuía as cores amarelo e azul no uniforme. A coisa era mais ou menos organizada mesmo quando os jogos não faziam parte de campeonatos amadores. Havia juízes, regras a serem respeitadas e atraía muita gente. O interessante é que havia poucas brigas nessas partidas. Assisti a muitos jogos do Guarani do Alto Branco no campo do seminário, próximo a minha casa.

A outra “categoria” era a que eu fazia parte, formada por garotos de 11, 12,13 anos. Um pouco mais, um pouco menos. Não havia regras, somente vontade de jogar futebol. Limpava-se um terreno baldio e transforma-o em campo de futebol. Na falta de um terreno, jogava-se na rua mesmo. Alguns “campos” eram tão inclinados que um goleiro não enxergava o outro. Exagero, claro. Não havia times, eram os garotos de uma rua contra os da outra rua. Havia sempre o risco do visitante que ganhasse a partida levar uma surra. Os garotos da minha rua não tinham time. Jogávamos amistosamente entre nós mesmos. Certo dia, fomos desafiados para uma partida com uma garotada de outro bairro. Sabíamos que, quando perdiam a partida os garotos partiam pra porrada. Como era o mais ruinzinho da turma, fui escalado para o gol. Na hora marcada para o jogo optamos pelo W X O. Era mais seguro.

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