quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não perdoaram

A grande notícia nos noticiários nos últimos dias foi a morte de Muammar Kadhafi, ditador líbio. Estava em todos os jornais escritos, televisados e na internet. Não se falou em outra coisa. Muammar morreu, está morto, eis a constatação. O que se discutiu a exaustão foi como mataram Muammar. O dilema foi tamanho que o apresentador do Jornal Hoje perguntou a enviada da Rede Globo em Nova York: “e aí, fulana, Kadhafi morreu ou foi morto?”. Eu tenho a resposta: Muammar morreu por que foi morto. Os rebeldes líbios (agora ex rebeldes) juram de pés juntos (não como Muammar) que o dito cujo foi morto numa troca de tiros. Mas as imagens que chegaram ao resto do mundo dizem tudo, menos que ele foi morto numa troca de tiros.

Mesmo em situação de guerra, a execução sumária é considerada crime pelo Direito Internacional. Se o combatente é capturado, tem que ser levado a julgamento. Não foi o que aconteceu na líbia. Tudo leva a crer que o ex ditador foi executado de forma sumária. Não vamos discutir se ele mereceu ou não. O fato é que existe uma legislação e ela deve ser respeitada. Senão vira barbárie. Mas o que aconteceu é fato consumado e qualquer tentativa de esclarecer o caso e punir eventuais culpados não passará de mera retórica. A preocupação agora parece ser como vai ficar a líbia sem Muammar.

Hoje, uma notícia não menos chocante sobre o caso pipocou nos noticiários: existem fortes evidências de que o ex ditador foi abusado sexualmente antes de ser morto. Em outras palavras: traçaram o Muammar! Definitivamente a maldade humana não tem limites. Nem Alá consegue imaginar uma coisa dessa. Além de linchar e humilhar, ainda traçaram o Muammar. Definitivamente, não perdoaram Muammar. Com aquele jeito de macho empedernido que envergou por sessenta e nove anos, deve está se revolvendo dentro do caixão. Jurando vingança! Não pela morte, que isso faz parte da vida. Mas traçar o Muammar? Isso não! Claro que não devemos nos refestelar sobre o cadáver de ninguém. Mesmo quando o agora cadáver não valia muita coisa quando era vivo. Que a terra lhe seja leve.

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