segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um fato inexorável

De nada adianta as Igrejas espernearem. De nada adianta as Igrejas invocarem Deus, Buda ou Alá. De nada adianta as Igrejas citarem a Bíblia ou o Alcorão. O avanço das conquistas dos homossexuais é um fato inexorável. Não adianta a Casa de Oração de Ribeirão Preto estampar pela cidade outdoors condenando a relação homo afetiva as vésperas da Parada Gay. Poderiam usar esse dinheiro nas suas obras sociais, seria mais proveitoso. De nada adianta eu ser a favor ou contra. Os homossexuais vão conquistar direitos que grupos conservadores condenam. Podem não conquistar tudo de imediato, mas conquistarão paulatinamente. E essas conquistas avançam por espaços antes inimagináveis. Prova disso é a Renosp-LGBT (Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública – LGBT) que reuni policiais (militares e civis), bombeiros, agentes penitenciários e delegados. Lembro-me que há vinte anos, um policial militar assumir publicamente sua homossexualidade era o primeiro passo para sair da corporação.

Mas o sucesso do movimento se deve a outros fatores. Um deles é que a lei não cria uma realidade. Ela passa a existir para normatizar uma realidade preexistente. E a relação homo afetiva é uma realidade. O IBGE constatou que existem hoje no Brasil 60 mil casais homossexuais. Esses são aqueles que assumem publicamente a relação. Não como calcular os que não assumem publicamente, que devem ser outros milhares. Se o fato existe, então uma lei deve ser criada para normatizar esse fato. Esses 60 mil casais não podem viver a margem da lei e da sociedade. Mesmo por que não violaram lei alguma.

Outro fator a ser considerado para entender o sucesso do movimento gay é que não há força que consiga ir de encontro a um movimento social organizado. Esse momento pode ser comparado ao que antecedeu a aprovação do divórcio no Brasil, em 1977. Grupos conservadores alertavam que era o fim da família brasileira. Passados 34 anos, a família brasileira não acabou e o divórcio faz parte do cotidiano da nossa sociedade como algo banal. Os argumentos utilizados pelas Igrejas pra se contrapor ao divórcio e aos direitos dos homossexuais estão contidos na Bíblia. Vale lembrar que o Estado brasileiro é laico, portanto argumentos religiosos não podem e nem devem ser levados em consideração. A Constituição Federal garante aos religiosos o direito de pensar e se manifestar de forma contrária aos direitos dos homossexuais, mas também protege a intimidade, a honra e a imagem daqueles que se sentem atingidos por críticas como as que foram colocadas nos outdoors em Ribeirão Preto (foto). Esse é o Estado democrático de direito. Cada qual no seu cada qual.



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