terça-feira, 2 de agosto de 2011

Parejas e Cyclones

Não me pergunte o porquê, mas esses personagens me atraem. São jovens bonitos, e inteligentes (mesmo que uma inteligência rasa) e que optam (não sei essa seria a palavra correta) por uma vida que lhes trará, no máximo, uma notoriedade transitória. E depois o olvido. Refiro-me e eles como personagens por que eles não passam disso: personagens criados por eles próprios e reforçados pela mídia. Tanto que um deles (o mais antigo) virou documentário. E essa provavelmente será o destino do outro, mais recente. Esses personagens me atraem, inexplicavelmente. Uma atração pelo personagem criado por eles e alimentado pela mídia, que fique bem claro. Destaquei dois desses personagens: Leonardo Pareja, que em meados dos anos 90 chamou a atenção do país com as suas aventuras no mundo do crime; e Kelly Sales da Silva, uma personagem ainda restrita ao estado da Bahia.

No ano de 1995, um jovem assalta um hotel em Feira de Santana, na Bahia, e mantém por três dias a sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães com refém. Depois de muita negociação com a polícia e consegue fugir. Era Leonardo Pareja, então com 21 anos. Depois disso, entre um assalto e outro, driblava a polícia e ligava para rádios das cidades por onde passava e dava entrevistas, chamando a atenção para a incompetência de seus perseguidores. Terminou se entregando um mês depois com medo de ser morto. Oriundo de uma família de classe média de Goiânia, sempre estudou em escolas caras e era bem articulado. Isso não o impediu de se envolver em pequenos delitos desde a adolescência. Na prisão, liderou uma rebelião (e comandou as negociações) que culminou com a fuga dele e demais 43 detentos. Logo depois se entregou a polícia. Todos os reféns disseram que ele foi fundamental para que não ocorressem mortes. Em dezembro de 1996, foi assassinado dentro da prisão pelo próprio primo, que ele considerava um irmão e dizia ser a única pessoa em quem confiava.

Semana passada, vi por acaso uma reportagem sobre o assassinato de “Kelly Cyclone”. Resolvi pesquisar a respeito. Morena deslumbrante de 23 anos, Kelly Sales da Silva foi casada com um traficante (morto há três anos) de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, onde vivia. Ano passado foi presa numa festa regada a cocaína com mais 43 pessoas, que a imprensa batizou de “festa do pó”. A partir daí passou a ser considerada a “patroa do tráfico”. Não perdia uma oportunidade de exibir seu belo corpo repleto de tatuagens e negar, contra todas as evidências, que não era traficante e que não tinha nenhuma ligação com o tráfico. Virou celebridade na internet (20 vídeos no Youtube e mais de 600 comunidades no Orkut, uma delas com mais de 8.000 seguidores). Atraía amor e ódio da imprensa e da polícia. Nos últimos meses afirmava que seria candidata a vereadora nas eleições do ano que vem. No mês passado foi assassinada com quatro tiros, provavelmente pelo namorado enciumado. Se foram...

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