quarta-feira, 20 de julho de 2011

O dia do amigo

Hoje é o dia do amigo. Existem inúmeras frases e músicas enaltecendo esse personagem assustadoramente escasso. Eu poderia fazer o mesmo. Citar trechos de músicas e dedicar esse texto aos incontáveis amigos que não tenho e que não vão lê-lo. A palavra “amigo” se vulgarizou a tal ponto que se criou a figura do “amigo verdadeiro”. Se for para acrescentar o adjetivo “verdadeiro” ao “amigo”, desconfie. Não é amigo. Isso não existe. Amigo é amigo! Ao “amigo” não há a necessidade de acrescentar o “verdadeiro”, está intrínseco. Aquele que não é amigo é “colega”, é “conhecido”. Ou não é nada!

Existem algumas características que são inerentes ao ser humano, que o torna diferente dos demais animais. Uma delas é o comentário inconseqüente, conhecido popularmente como fofoca. A fofoca é o antídoto da amizade. Destrói não apenas a amizade, mas como qualquer outra relação humana. A fofoca sempre tem uma conotação sexual. A forma mais eficaz de subjugar socialmente outra pessoa é denegri-la a respeito de sua vida privada. E nada mais “anti-amizade” do que a intromissão na vida íntima. O amigo mantém uma distância respeitosa. O colega quer imiscuir-se nos pormenores. O amigo não pergunta. O colega é um interrogador. Ao amigo dar-se respostas espontâneas. Ao colega dar-se respostas desconcertantes.

Os meus amigos contam-se nos dedos de uma mão. E ainda sobram dedos. Acho o contato social, na maioria das vezes, enfadonho, trabalhoso, cansativo. Prefiro compartilhar poucas relações inteligentes a muitas insensatas. Prefiro o isolamento da humanidade, cultivando poucas pessoas. É a prudência a serviço da amizade, a serviço do bem viver. Uma amizade se alimenta de períodos curtos de convívio. A convivência prolongada entedia e desgasta a amizade. Nesse dia do amigo comemoro o fato de ter poucos (pouquíssimos) amigos e não precisar lhes dizer isso.

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