segunda-feira, 4 de abril de 2011

O bom senso não está na lei

No dia 20 de março, o pastor norte americano Wayne Sapp (à direita, na foto) resolveu queimar o Alcorão na sua igreja, no estado americano da Flórida. Durante oito minutos o livro sagrado dos muçulmanos foi “julgado” e considerado “culpado” (não me pergunte do que). Imerso em querosene foi queimado numa bandeja de metal por dez minutos no centro da igreja na presença de menos de trinta pessoas, apesar de ter sido uma cerimônia aberta ao público. Decerto, os demais membros da congregação imaginavam a confusão que isso ia dá. Todo esse ritual foi supervisionado por Terry Jones (à esquerda, na foto), outro pastor lunático que planejou queimar o mesmo Alcorão no aniversário dos atentados às Torres Gêmeas, no ano passado, mas desistiu na ultima hora após um apelo do presidente americano Barack Obama.

A atitude de Sapp desencadeou uma onda de violência no Afeganistão que até ontem tinha matado 25 pessoas, sete delas funcionários da ONU. Duas foram decapitadas. A onda de violência começou quando três mulás de Mazar-i-Sharif conclamaram a população a protestar contra a queima do alcorão. Na falta de alvos americanos, sobrou para a ONU. O pastor americano já se antecipou e disse que não se sente responsável pela onda de violência. Segundo ele, se não fosse a queima do Alcorão, os fanáticos afegãos arrumariam outra razão para disseminar o ódio ao povo americano.

A Constituição americana garante a liberdade de expressão ao pastor Sapp. Ele tem o direito de se manifestar do jeito que quiser. Sem contar que não dá para ficar pedindo autorização aos mulás do Afeganistão na hora de fazer um protesto. Mesmo por que eles não pedem aconselhamento quando querem fazer manifestações anti Ocidente. No entanto, quando se trata de símbolos religiosos, é sempre bom ter uma boa dose de bom senso a mão. Envolver símbolos religiosos em manifestações de qualquer natureza fere suscetibilidades. No Brasil, tivemos o caso do pastor da Igreja Universal, Sérgio Von helde, que anos atrás chutou a imagem da santa em plena data da padroeira. Deu confusão! Para Von Helde, aquilo era um objeto inanimado, para o mundo católico era uma imagem sagrada. Para uns, o Alcorão, assim como a Bíblia, é arrazoado de palavras vazias, para outros são livros sagrados. Nessas horas, o bom senso deve falar mais alto que a Constituição.

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