quarta-feira, 30 de março de 2011

Os Mandarins - Simone de Beauvoir

A filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir escreveu Os Mandarins em 1954 e pelo qual recebeu o Prêmio Goncourt. Este livro é considerado a obra-prima da escritora. O enredo trata das vidas pessoais de intelectuais franceses imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial. Para a autora, a obra não deve ser encarada nem como autobiográfica nem como reportagem. Para ela, o livro é uma evocação de um grupo de jovens intelectuais que, de uma forma ou de outra, forjaram o perfil cultural de toda a geração do pós-guerra, revolucionando o mundo com pensamentos, palavras e gestos. O título é uma referência aos altos funcionários públicos da China Imperial.

Mas não de pode deixar de observar o caráter biográfico da obra. O universo narrado é intelectual: jornalistas, escritores, comunistas, quase todos remanescentes da Resistência ao Nazismo, confrontam-se em debates políticos e filosóficos. Destacam-se Henri Perron (considerado Albert Camus) e Robert Debreuilh (considerado Jean Paul Sartre, marido de Beauvoir). Nesse mesmo período, Sartre e Camus romperam, da mesma forma que Perron e Debreuilh. As razões são nebulosas,mas supõe-se que foi por causa da crítica de Camus/Perron aos crimes de Stálin na URSS, críticas estas que Sartre/debreuilh não concordava. Convenhamos que não se pode ignorar que a causa do rompimento também foi o ego dos dois, já naquela época, grandes e respeitados intelectuais.

Um outro ponto autobiográfico é o fato de Anne (considerada a própria Simone de Beauvoir) ter um amante americano, Lewis Brogan (considerado o escritor americano Nelson Algren). Não era segredo para ninguém (nem para Sartre, que também possuía os seus) que Beauvoir cultivava vários casos extraconjugais, um deles com Algren, a quem ela dedica o livro. Assim como em toda obra de Beauvoir, o feminismo e o existencialismo estão presentes. É uma obra extensa, de leitura nem sempre prazerosa, mas necessária para entendermos o ambiente de euforia do pós-guerra, euforia essa que seria destruída com o advento da Guerra Fria, com todo o caudal filosófico recém surgido tendo que se adaptar a nova realidade. Boa leitura!

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