terça-feira, 15 de março de 2011

O preconceito fantasiado

O preconceito pode ter origem na ignorância, como também no esnobismo. Pode vir de um jovem roqueiro de vinte anos ou de uma clássica senhora octogenária. Nos últimos dias tivemos exemplos de ambos. Todos já devem ter ouvido falar de uma banda adolescente chamada “Restart”. Gostar deles é tão difícil quanto ignorá-los, com aquelas fantasias coloridas e cabelos colados ao couro cabeludo. No Nordeste chamariam de corte “Lambida da vaca”. Mas as adolescentes adoram! Coisas da idade. Bem dizem que é uma fase difícil. Difícil e de gosto duvidoso.

Pois bem, o baterista da banda, Thomas, numa vídeoentrevista interativa saiu-se com uma pérola ao ser perguntado qual lugar ainda não tinha tocado, mas gostaria. “Queria muito tocar no Amazonas. Imagina tocar no meio do mato. Não sei como é o público de lá. Não sei nem se tem gente, civilização. Seria bem legal tocar pra lá, praquela parte que a gente acha que não tem nada.” Tem, Thomas. No Amazonas tem gente. Que não gostou nem um pouco da sua ignorância preconceituosa. Naquela parte que você acha que não tem nada, tem muito mais coisas que dentro da sua cabeça vazia.

A revista IstoÉ dessa semana publica uma entrevista com a “papisa da elegância brasileira”, fantasiada de socialite, Carmen Mayrink Veiga. O que faltou foi elegância por parte da entrevistada. Sobrou grosseria e preconceito. Perguntada sobre a moda atual, respondeu que “a melhor coisa é mudar para a Amazônia e escolher a tribo que ande mais enfeitada com penas, franjas, etc, porque a moda hoje está para as índias.” Sobrou novamente para a região Norte. Não parou por aí. Perguntada se homem pode ser elegante e sexy, respondeu que “todo homem sexy, não sei se você já reparou, é milionário. Pobre não é sexy.” Não, não reparei. Acho que eu vou para a Amazônia.

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