quarta-feira, 9 de março de 2011

Não contem com o fim do livro

Ao ler Não contem com o fim do livro senti um misto de inveja e admiração. O livro é, na realidade, fruto de encontros (“muito informais, a beira da piscina e regados com bons uísques”, de acordo com as palavras de Eco) entre o semiólogo e escritor italiano Umberto Eco; o roteirista, dramaturgo e escritor francês Jean-Claude Carrière; intermediado pelo ensaísta e escritor também francês Jean-Phillipe de Tonnac. Inveja pelas bibliotecas que Eco (cerca de 50.000 livros) e Carrière (cerca de 40.000 livros) possuem. A minha não chega a “míseros” 1.000 livros!! Admiração pelo amor que esses dois intelectuais nutrem pelos livros e pela vastidão do conhecimento que eles possuem sobre literatura, cinema e arte.

A obra trata de livros que existem, livros que não precisam ser lidos para serem considerados grandes obras e livros que nunca serão lidos por que, infelizmente, não existem mais. Não façam apena das grandes obras. Não contem com o fim do livro é uma obra tão democrática que Eco e Carrière falam de livros ruins e leitores intolerantes. Ressaltam que o livro é um objeto digno de ser, senão lido, pelo menos colecionado e, nesse sentido, um livro ruim também é um livro. A grande virtude da obra é o passeio que ambos fazem por 5 mil anos de história dos manuscritos, dos papiros e pergaminhos da antiguidade, passando pelos incunábulos do século XV e chegando aos livros e e-books da atualidade.

Ambos defendem a idéia de que o livro, assim como a roda, é uma invenção acabada, que não pode ser melhorada (no caso do livro, somente o conteúdo pode ser melhorado, não a forma) e que veio para ficar. A internet e os e-books não provocarão o fim do livro, terão que conviver com ele como o isqueiro convive com o fósforo. O principal argumento, além do amor aos manuscritos, é a facilidade para ler um livro de 500 anos, mesma facilidade que não encontramos numa tecnologia de 10 anos. É delicioso e empolgante. Vale a pena ler...

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