segunda-feira, 12 de abril de 2010

O mérito

O ex-ministro do governo FHC e atual secretário da Educação do estado de São Paulo, o economista Paulo Renato Souza, concebeu e a Assembléia Legislativa aprovou, um plano de carreira para os professores inteiramente baseado na meritocracia. O ex-governador de Minas Gerais e candidato ao senado Aécio Neves, estabeleceu metas para todos os servidores, que receberão uma remuneração extra caso essas metas sejam alcançadas. Apesar da sutil diferença, em ambos os casos impera o sistema meritocrático. Ninguém com um mínimo de sensatez (que parece que está faltando aos sindicatos) será contra a meritocracia no serviço público, mesmo por que todos ganham, do servidor á população. No entanto, a meu ver, existe uma discussão que antecede a questão da meritocracia, que é a formação do profissional. É impossível falar em avaliação ou mérito sem antes falarmos sobre a formação do profissional que será avaliado e, se merecer, terá vantagens na carreira. Vejamos o caso a educação.
Muito me preocupa a qualidade dos professores no Brasil. Muitos dos profissionais que hoje estão em sala de aula, ali estão menos por vocação do que por falta de opção. Muitos candidatos prestam vestibular para cursos da área de educação por medo de não serem aprovados em outros cursos. Vão ficando por ali e, quando menos se espera, estão em sala de aula. Em outras palavras, o aluno medíocre do ensino médio se torna, por falta de opção, o professor despreparado que irá ensinar a jovens que serão igualmente medíocres e, muito provavelmente, entrarão num curso de educação por que não conseguem algo melhor para fazer. Isso vira um circulo vicioso. Portanto, a primeira coisa a ser feita seria tornar os cursos da área de educação atraente para bons alunos do ensino médio. Como fazer isso? Pagando bons salários, melhorando as condições de trabalho e dando possibilidades de ascensão dentro da profissão.
Infelizmente a tendência aponta para o lado oposto. A muito custo, a categoria conseguiu um piso nacional miserável de pouco mais de mil reais, que levou três anos para entrar em vigor (esmola pré-datada) e que alguns governadores brigam na justiça para não pagar (enquanto no Judiciário algumas categorias brigam para ganhar além do teto de R$ 24 mil). As condições de trabalho nas escolas são aviltantes, com a violência imperando, seja contra professores ou entre os alunos, sem contar as salas lotadas e quentes. Como aprender ou ensinar em tal ambiente? Prefeituras e estados oferecem cursos de pós-graduação grátis para capacitar os educadores. Ebaaa! Mas são aos sábados e domingos. É querer demais sair de sala de aula para estudar. Observo a cada dia que aumenta o número de professores que acusam problemas de saúde, os mais freqüentes são a depressão, a síndrome do pânico e problemas na garganta. Infelizmente, quem está na escola está só!! A legislação amarra as ações da escola na relação com o aluno, o poder público tem tratado o profissional da educação como uma escória e a sociedade, a despeito dos discursos sobre a importância da educação na vida de todos, na prática não acompanha o desempenho dos seus filhos em sala. Dessa forma não há mérito mesmo.

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