sábado, 23 de janeiro de 2010

Sugestão de leitura

Recentemente li o livro Padre Cicero: poder, fé e guerra no sertão (Companhia da Letras, 523 páginas), do jornalista cearense Lira Neto. De tão envolvente, em alguns momentos se tem a impressão de estar diante de uma obra de ficção, levando o leitor a ficar tentado a ler a obra de um só fôlego. Mas a obra nada tem de ficção. Apesar de jornalista, Lira Neto escreveu a vida da controversa figura do Padre Cícero com uma isenção pouco vista entre historiadores. O livro reafirma o que todos já sabiam: Padre Cícero, além de líder religioso, era um líder político que adotou posições controversas dentro do contexto da política da época, como apoiar uma revolução armada que derrubou um governo estadual. Muitas vezes os dois lados do líder se confundiam (religioso e político), como abençoar e conceder a patente de capitão ao cangaceiro Lampião para que este combatesse a Coluna prestes. Isso antes da chegada de Floro Bartolomeu e depois da morte desse.
O livro retira das sombras essa figura pouco conhecida, conhecida até então por ser o "testa de ferro" do padre. Lira Neto mostra que o Floro não era uma figura apática. Na verdade, ele era a porção política do padre, que exercia a porção religiosa. Um não existia sem o outro. Em muitas vezes, cabia a Floro tomar decisões e o Padre obedecer. O autor dá a entender que, em algumas situações, quem dominava a cena era o Dr. Floro, inclusive com cenas de humilhações ao Padre Cícero. Com a morte de Floro, o Padre assume as duas facetas. A biografia do Padim Pade Ciço, chega num momento em que a Igreja Católica estuda a reabilitação canônica do religioso como forma de frear o avanço evangélico e nos permite entender um dos personagens mais polêmicos, complexos e fascinates da história brasileira. Vale a pena ler...

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